Valores_Marco_2010 - page 100

MESA-REDONDA
R E V I S T A D A E S P M –
março
/
abril
de
2010
100
de2000a2006.O resultado foimuito
intrigante.Em2000otopodospontos
mais importantes era qualidade e
produto.Em2006passouasergeração
deemprego,respeitoaosfuncionários,
responsabilidadesocial,transparência
e sustentabilidade. Num pequeno
espaçode tempo, issomudou.Agora,
estamosemumanova fase.Umbom
exemplodissoéo sabãoempóOmo,
umamarcaque em52 anos deBrasil
construiu um conceito em cima do
aspecto funcional “lava mais bran-
co”. Em 2000, ele deu um salto para
aspectos de aspirância com “se sujar
fazbem”, eagoradeuoutrosaltocom
o propósito do desenvolvimento in-
fantil.Com isso, secomeçaaveruma
novagestãodecompanhiasemarcas
– e daí o elemento humano – que é
uma causa, umpropósito.Oqueestá
mudando fundamentalmentenissoé
quedeixoudeserumadeliberaçãoda
companhia, porque é uma exigência
dasociedade.Outrodiaparticipamos
de um fórum em que se comentava
que – se fizermos uma projeção de
alguns anos, a população mundial
logo vai pular de seis para nove bi-
lhõesdepessoas–semprehouveuma
dualidadedasempresasgerindopro-
cessosmecânicos edas organizações
não governamentais com aspirações
muito claras, mas pouco funcionais.
Sentimos que, cada vez mais, essas
organizações estão seguindopor um
caminhocommaisaspiracão,atéche-
garnumpontodeequilíbrio.Aítalvez
comeceessaseparaçãodadestruição.
ÁLVARO
–Permanênciaedestruição
sãoverdadesopostas.Umaeconomis-
ta venezuelana da Universidade de
Oxford caracterizou que em termos
econômicos não existe permanência.
Essas crises entre o estabelecimento,
queelachamaaFasedeDestruição,e
obenéfico, que é a FasedaBonança,
são entre os 50 e 70 anos. Havia os
teares, a produção era escoada pelos
rios.Veioovaporedestruiu tudocom
asestradasde ferro.Veiooautomóvel
edestruiutudocomasrodovias.Agora
estamos nomomento de estabeleci-
mento de outra crise, que é a tal da
crisedaproduçãoemmassadoschips.
Estamosna fasedadestruição, ainda
não sabemos sevai ter ecomovai ser
aFasedeBonança.Pegandoaperma-
nência do ser humano, ela também
não existe, o que é um ser humano?
Sua pele já foi trocada várias vezes,
amatéria já foi trocada várias vezes.
Deixandode ladoaPersona,pegando
mais a Ânima, que é um conjunto
mais ou menos estável de valores,
nosdestruímostambém.Aculturada
empresa deve ser o somatório desse
conjunto individual mais oumenos
estáveldevaloresenãodematéria.
GRACIOSO
– Admitindo que a
principal preocupação do dirigente
da empresa é zelar pela dignidade e
perenidadedonegócio, comoencarar
essechoque?
ÁLVARO
– Vou expor um terceiro
elemento e tentaremos chegar nessa
resposta.ASimonefaloudasgerações
esabemoshojeque jovensde20anos
não conversammais com os de 15
anos, que não conversammais com
osde10anosnemcomosde12anos.
MARCONINI
–Eospaisnãoconver-
samcomnenhumdos três.
ÁLVARO
–Umestudoporressonân-
ciamagnéticaconstatouqueestamos
emmutação. Pegarampessoas como
nós –os dinossauros em tornodessa
mesa, que lemos nopapel – e viram,
por ressonância magnética, quais
eramas áreasdo cérebroemque cir-
culavaosangue.Aí,pegaramcrianças
decincoanos,que leemtudona inter-
net, e fizeram amesma ressonância
magnética.Emcimadessasáreasque
nós,dinossauros,estimulamos,nãosó
elasampliavamnacabeçadosdecinco
anos,comoapareciamoutrasáreasdo
cérebronãoestimuladasporesse tipo
de leitura ligadas a raciocínio com-
plexo emultitarefa, ou seja, Darwin
–essesbichosde cincoanosde idade
já são outros bichos. Quando se fala
em permanência e destruição temos
de entender que o macaco mudou.
Pegando a cultura, a permanência, a
destruição em função desse macaco
novo, como se ousa falar em “per-
manência”?Nãoexistepermanência.
O presidente da empresa deveria se
pautar pelo estímulo à destruição
criativaeanãopermanência, porque
com issoestariaprivilegiandonão só
osque jáestão lá,masasociedadedo
futuro e talvez – falo isso commuita
dúvida – arrumando um lugarzinho
parasuaempresano futuro.
MÁRIO
–Temosaquiumproblema.O
serhumanobusca,emprimeiro lugar,
a segurança, todos os experimentos
de neurociências mostram isso. A
empresa oferecia segurança para seu
funcionárioatéalgumasdécadasatrás.
Hoje, com Internet, Twitter, Blog e a
trocade informações, aspessoasnão
sãomaisfiéisnemàsmarcas, nemàs
organizações.Vocêstêmumproblema
}
No dia em que o Google não tiver
dinheiro para pagar suas contas,
ele acaba.
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