Marco_2005 - page 15

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R E V I S T A D A E S PM–
M A R Ç O
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A B R I L
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capacidadedeexecução.Temosque
ter umpoucomais opé no chão.
GRACIOSO
– Sempre trabalhei
com estrangeiros, e você também
tem experiência internacional, tal-
vez a nossa percepção combine: os
estrangeiros não percebem o Brasil
comoumpaíspobre,miserável;nós
é que insistimos nessa tese.
PRATINI
–OBrasiléumpaísmuito
rico e mal-administrado por nós
mesmos.Vamos ter quemelhorar a
gestão desse país; ter uma gestão
mais pragmática e acabar com essa
discussão ideológica. “Soucontraos
americanos e a favor de...”. Dane-
se.Dápara fazer negócio?Criaem-
prego? Então faz. Imagine se os
países europeus – que há dois mil
anos sematam, entre eles –pensas-
sem assim. Eles são pragmáticos e
superam essas divergências.
GRACIOSO
– Lembra-se dos ca-
nadensesespalhandoquehaviaaqui
adoençadavaca louca?Umamigo
executivo contou-me, na ocasião,
que estava naHolanda e um jornal
de láestampouamanchete“Canadá
diz que Brasil tem doença da vaca
louca, mas é bobagem. Loucos lá
são os políticos”.
PRATINI
–AliásaHolandanosaju-
dou muito. Na época fui aoCana-
dá e disse ao primeiro-ministro de
lá: o Sr. está cometendo um crime
contra a nação brasileira porque
nemos seuscientistas sustentames-
sa posição. NoBrasil, boi come ca-
pim. E inventei aquela comissão
técnica.Quandochegaramaquipe-
di ao comandoda aeronáutica dois
Brasilia fabricadospelaEmbraer,eles
tiveram que viajar nos aviões da
Embraer. Porque, na realidade, a
motivação de tudo isso foi a briga
da Bombardier com a Embraer.
GRACIOSO
–Qual a sua visãodo
futuro?
PRATINI
– Sou um entusiasta do
meu país. Acredito no Brasil. Acho
que temos deficiências, porque
somosumanaçãocontinental,mui-
to jovem,queenfrentagrandesdesa-
fios. Mas há soluções, temos de ser
mais audaciosos e não termedo de
errar. Só não erra quem nada faz.
Toda pessoa que realiza alguma
coisa,emalgummomentocometerá
erros. Se fizer muitas coisas boas,
terá o benefício dos êxitos para
compensareventuais insucessosque
fazempartedavida.Acreditomuito
no futuro e no presente do Brasil.
Umagrandedeficiêncianossaainda
é uma postura ideologizada, poli-
tizada, em questões econômicas e
comerciais que nos impedem de
maximizar as oportunidades, tanto
no plano interno quanto interna-
cional. Isso cria empregos. O pro-
blema mais sério do Brasil é em-
prego. E criandomais empregos, o
saláriomelhora. E, aindaassim, não
é só emprego; o que nossos filhos
vão ter?Oproblemadanossa socie-
dadebrasileiraénãocriaraindapara
umagrandemassadapopulação.O
quemeu filho vai fazer depois que
sairdaESPM?Seráque teráumaboa
colocação?Essaéagrandepergunta.
Nosso dever – como pessoas que
têm responsabilidade de liderança
– é criar oportunidade, esperança,
confiança com coisas objetivas. E a
única forma de fazer isso é fazer o
país crescer. O Juscelino entendeu
isso, osmilitares entenderam isso.
Mas parece que o dispositivo polí-
ticobrasileirodehojeestámaispreo-
cupado em arranjar emprego para
eles, para os parentes, amigos e ca-
bos eleitorais do que para o povo
brasileiro.Desenvolviosetorcourei-
ro calçadista do RioGrande do Sul
e ajudei a criar 250 mil empregos
entre RS e Franca. Não perguntei
para quem foi esse emprego, não
empregueinenhumparente,mas sei
que criei oportunidades paramuita
gente. Quando fiz o plano siderúr-
gico, os pólos petroquímicos – na
minha gestão, no Ministério da
IndústriaeComércio–criamoscen-
tenasdemilharesdeoportunidades.
Não perguntei se empregarammeu
parenteou cabo eleitoral.Temos de
terumpoucomaisdegenerosidade.
Às vezes, trabalhamos com certa
pequenez–somosaindaparoquiais.
Acreditoqueoagronegóciobrasilei-
ro seráomaiordomundoatéo final
desta década; o mundo precisa do
Brasil paracomer enós vamos ser o
grande
breadbasket
dessemundo.
“MARKETING E LOGÍSTICA
SÃO OS DOIS GRANDES DESAFIOS.”
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