Julho_2006 - page 104

Consumo global,
cultura local
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R e v i s t a d a E S P M –
julho
/
agosto
de
2006
queconsumr refr gerantesecomda
típ cacomo reflexode suasculturas,
h spâncose tal anosusameusaram
estesprodutospara reafirmá-la,mar­
cando pos ção.
Em recente art go, a consultor a
McK nsey lembra que os valores
da economa de mercado não são
bem compreend dos e ace tos em
mu tospaíses, equeestaéuma rea-
l dade com a qual os gestores terão
de l dar nos próxmos anos
3
. Por
extensão, pode-se afirmar que nem
todos os símbolos da soc edade de
consumosãoglobalmenteacatados,
mesmo em países de economa de
mercadoe trad çãodemocrát ca.Ao
mesmo tempo em que as grandes
corporações oferecem um est lo
de v da homogêneo que seduz
boa parte domundo, outra parcela
refuga esses ícones e os enxerga
com desconfiança e ant pat a. O
consumo global só se torna uma
reali­dadenomomentoemqued fe­
rentes soc edades compart lhamdo
mesmo s stema smból co, e nem
todas as soc edades pred spõem-se
a sso. Em alguns casos, como na­
queles descr tos aqu , o renegam;
venddoemembalagensdev dro, e
nãodeplást co, aalegadadi­ferença
de sabor e a vontade demanter um
háb to que remete ao passado no
país de or gem levam a Coca me­
xi­cana a vender, em determnados
supermercados, quatro vezes ma s
que o refr gerante fabr cado nos
EUA. A preferênc a pelo refr geran­
te mex cano tem causado rr tação
à Coca-Cola norte-amer cana, que
d v de os mercados de cobertura
conforme suas undades produt vas
nstaladas no país – e não contava,
naturalmente, com a nvoluntár a
nvasãodeum “concorrente” v ndo
doMéx co
2
.
Nos do s ep sódos, vê-se que não
só os traços cultura s pecul ares
mpactaram as preferênc as de
consumo, mas também o nverso:
os háb tos de consumo serv ram,
demane raconsc enteedel berada,
para afirmação de uma dent dade,
de um traço cultural pecul ar de
uma comundade – dos h spân cos
no país estrange ro e dos tal anos
“ nvad dos” pelo estrange ro. Em
ambos, o processo ocorreu através
da reje ção de ícones mund a s do
consumo em nome de s gnficados
compart lhadosporumacomunda­
de menor e ma s específica, que
quase nada tem a ver com a propa­
lada “soc edade global”. Ma s do
Imigrantes latinos, e em
especial mexicanos, não
bebem aCoca-Cola
fabricada nos EUA, e sim
aquela feita noMéxico, pois
a bebidamexicana é
preparada com o açúcar de
cana (e não de um xarope
à base de açúcar domilho,
como fazem os norte-
americanos).
F
F
Apesar de o refrigerante
mexicano sermais caro e
menos prático, visto que
é vendido em embalagens
de vidro, aCocamexi­
cana vende, em deter­
minados supermercados,
quatro vezesmais.
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