Maio_2005 - page 79

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REV I STA DA ESPM–
S E T EMB RO
/
OU T UBRO
D E
2005
Mesa-
Redonda
simplesmente, e não tiver a outra
ponta, concordoque é utópico. Vou
darumexemplo.Quando secriaram
as varas depequenas causas – enão
funcionam como no início porque
hojeestãoatulhadas–, foiumaótima
iniciativa.
FRED
– Temos vários exemplos, e
aí, acho que a Internet é um ins-
trumento poderoso. Estou pensando
agora numa associação de vítimas
deerrosmédicos.Alguémque sofreu
umproblemanessesentidose revolta
contra isso, resolve organizar uma
associação ou um clube e, de
repente, esse clube já tem 400, 500
pessoas filiadas. Então, as vítimas
desses descasos do poder público –
seja na esfera da educação, saúde,
justiça etc. – podem conseguir
solidariedade de outras vítimas e
ativar esses conselhos.
CARLOS ALBERTO
– Motivar as
pessoas para que a cidadania dê
resultado.
PEDRO
–No caso do governo, não
se tem como trocar; no caso do
jornal, sim. Essa discussão começou
“como os leitores de um jornal ou
umarevistavãopodersemanifestar?”
Acho que se manifesta comprando
outro jornal, porque os leitores que
gostam da
Folha
se identificam com
a linha editorial.
JR
–Opessoal da áreademarketing
e propaganda costuma dizer que a
maior defesadoconsumidor é trocar
deproduto.
MARCOANTONIO
–Mesmodego-
verno se pode trocar. O sujeito se
candidata, por um partido político
cujosprincípiossãoX,Y,Zenãopode
mudar de partido. Como parece ter
acontecidocomogovernobrasileiro:
osprincípios iniciaisdogovernonão
eram esses que estão aí. E poderia
pleitear: “queromeu voto de volta”.
FRED
–A lógica da política não é a
lógica do mercado.
PEDRO
– Não é análoga à lógica
domercado, como não é análoga à
lógica da ética. Isso, na política, é
algo muito fluido.
CARLOS ALBERTO
– Nos Estados
Unidos elege-se para tudo, com
direito ao
recall
.
FRED
– No sistema político ame-
ricano há uma diferença crucial em
relação ao brasileiro, onde a
consolidação ideológica é muito
forteentreosdoispartidos.Tratodisso
em sala de aula, peçoque os alunos
me expliquem, por exemplo, a
diferença do “L” do PFL para o PL.
Os dois são liberais. Teoricamente,
deveriam ser um sópartido. Comoo
“S” do PSDB, do PSTU...
CARLOS ALBERTO
– E a diferença
que existia, hoje não existe mais.
FRED
– Criamos, na política, uma
tradiçãomaispersonalistadoquenos
Estados Unidos, e nos modelos
liberais clássicos em que não se
identifica a atividade política com
a pessoa; identifica com princípios
e, por acaso, éaquelapessoa.Quem
ouve falar do Bill Clinton, por
exemplo?Quemestáocupandohoje
apresidênciados EstadosUnidos éo
GeorgeBush,masoque importapara
os americanos é a instituição
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