Marco_2009 - page 65

Alexandreespíritosanto
Diretor do cursodeRelações Internacionais ESPM-RJ e
Economista-ChefedaWAY Investimentos.
A gestão dosnegóciosnum
Diante desse cenário sombrio, será condição
sine
quanon
,paraumamelhoradequaçãoaonovomo-
delodegestão (baseadoemeficiênciaoperacionale
governança), o aumentodomimetismopor parte
das empresas globais às condições de mercado.
A intensificação de estratégias dinâmicas para a
conquistadeclientes (internetéumbomexemplo)
será crucial, mas não suficiente, emminha visão.
Paramitigar os efeitos da recessãoque enfrentare-
mos serápreciso cortar fundoos gastos e executar
o orçamento planejado
ipsis litteris
. Ademais, os
investimentosanteriormenteplanejadosprecisarão
serrevistose,algunsdeles,adiados
sinedie
.Agestão
do caixa da empresa será um desafio constante,
pois, com escassez de recursos, dinheiro “vivo”
valerá ouro. Tenhomuita convicção de que, após
os desvarios que algumas importantes empresas
praticaram, omercado será implacável com amá
gestão.Nessesentido,ganharáaindamaisrelevância
ocumprimentodeboaspráticasdegovernançacor-
porativa,assuntorelativamentenovoparaasempre-
sasbrasileiras. Somenteaquelasquemostrarem-se
fiéisaoscompromissosassumidos terãocondições
de vir aomercado captar recursos em condições
maisvantajosas, incluídoodinheirosubsidiadode
bancosde fomento, comooBNDES.
Por fim,mas nãomenos importante, será o com-
portamento dos governos diante dessamudança
de cenário. Também osmodelos de gestão gover-
namental precisarão ser reformulados, já que a
adoçãodepolíticasKeynesianasprogramadaspor
americanos e europeus, para atenuar os efeitos
da crise (recessão e desemprego), deixarão como
herança ummuito provável quadro inflacionário
mais à frente. Com recursos mais escassos, os
financiamentos dos déficits públicos, mesmo o
americano,serãomaiscomplicados.OsEstadoseas
empresasduelarãopor esses recursos, numabriga
que poderá ser desfavorável para ambos. Assim
sendo, os países que souberem conduzir bem sua
economia (comooBrasil vemprocedendo), terão
vantagenscompetitivasepoderãoserbeneficiados
quandoa tempestadepassar.
O “credit crunch”
que varreomundo,
atualmente, torna
imperativauma revisão
nosmodelos de
negócios, baseados
em alavancagem.
ambiente de crédito escasso
A erade enorme liquidez internacional, infe-
lizmente, chegou aofim!
Na última década, a
farradocrédito impulsionouaseconomiasglobais,
queexperimentaramcrescimentos jamaisvistosna
história recente.Comaabundânciadecapitais, as
empresas, inclusive as brasileiras, se aproveitaram
desse momento alvissareiro para expandir seus
negócios. Provadisso foi a enormequantidadede
IPOs - Initial Public Offerings - que omercado
de capitais no mundo inteiro contabilizou nos
últimos 3 anos,mais notadamente noBrasil e na
China. A onda de abertura de capitais foi tão in-
tensa,queaBM&FBOVESPAviveuumperíodode
extraordináriocrescimentodovolumenegociado,
incluindoum exponencial aumentodaparticipa-
çãodaspessoas físicas.
O lado ruim desse
boom
de cré-
dito foi odramático aumento
das alavancagens, via uso
de derivativos e de novos
produtos, como os SIVs
- Structured Investment
Vehicle-,que,dealguma
forma, ludibriavam os
rígidos parâmetros do
acordo da Basileia (caso
dosbancos)ou instigavam
aganânciadeempresasnão
financeiras, provocando ges-
tões temerárias; um verdadeiro
desleixo com as boas práticas de
governança. A ambição desmedida desvelava os
CEOs; deunoquedeu!
O
creditcrunch
quevarreomundo,atualmente,tor-
naimperativaumarevisãonosmodelosdenegócios,
baseados emalavancagem. Como jáobservado, em
setembro e outubrode 2008 a falta de liquidez fez
comqueaschamadasdecapitaisdenovoseantigos
acionistas,pelasgrandescorporaçõesebancos,ocor-
ressem emprofusão. Bilhões de dólares e euros de
prejuízosprecisaram(eaindaprecisam)sercobertos,
tornandoaestruturadecapitaisdasempresasmais
rígidas e caras. Estudos confiáveismostramque os
WACCs (custo do capital) das médias e grandes
empresasserámajoradodeformaimportante,oque
implicaemmenosinvestimentosprodutivoseperdas
demargensde lucratividade.
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