Marco_2009 - page 46

OBrasil e a guerraGlobal contra o
Terrorismo
R e v i s t a d a E S P M –
março
/
abril
de
2009
46
dediversas companhias de fachada
e utilizado cartões de crédito para
lavar dinheiro.
É importante salientar que organiza-
ções tidas como terroristas por parte
dos EUA, como Hizbollah, não são
consideradas como tal pelo governo
brasileiro. As diferentes percepções
respondem a interesses políticos pon-
tuaisdospaíses.SeporumladoosEUA
consideramoHizbollahterroristapelos
ataques que o partido/organização
perpetrouem suahistóriacontraalvos
norte-americanos, por outro o Brasil
nãocompartedavisãoeo reconhece
politicamente–nãodeixemosdecon-
sideraropesopolíticoquepoderiaoca-
sionar umacondenaçãoaoHizbollah
emumpaís que tem amaior colônia
sírio-libanesa foradoLíbano.
No que concerne aos EUA, a per-
cepçãodopaís sobre aTF como
safe
haven
se traduz em ações concretas.
Umexemplo foi abuscade inseriros
EUAnoGrupodeSegurançadaÁrea
daTF, concretizadoem2002, grupo
esse que compreende os três países
geograficamente participantes mais
os EUA. Tal grupo almeja combater
o crime na fronteira, a lavagem de
dinheiro e o potencial apoio ao ter-
rorismo.A cooperaçãonesse grupo,
conhecido também como “Grupo
3+1”, sedáespecialmentenaáreade
inteligência.Comoafirmaumartigo
publicadopela Embaixadados EUA
no Brasil, “
um dos propósitos (...)
é vigiar qualquer atividade suspeita
de terrorismo na região da tríplice
fronteira
.” (GREEN, 2008).
Outra demonstração dessa preocu-
pação com aTFpor partedos EUA é
o estabelecimento de um centro de
comando e controle (“C2”) do exér-
cito dos EUA noCone Sul. O centro
de comando e controle existe em
alguns países que sejam prioridade
de segurança deWashington. Esses
centrosvisam interromper, estabilizar
e interditar qualquer ação terrorista
demaneira rápidaeprecisa. Para isso
sãoalocadosgruposdeoficiaisdealta
patente para a embaixada dos EUA
nospaísesescolhidosquepossamdar
caboaalgumaaçãoconformedeman-
daespecífica.Aindaéuma incógnita
ocomo seriamasaçõesedequema-
neira sedá a cooperação comopaís
que tenhaumC2, faltade informação
justificada pela possível necessidade
de ações secretas. No entanto, é fato
conhecido que um dos centros de
comando e controle do exército dos
EUAestánoConeSul, naembaixada
emAssunção, Paraguai
4
.
Ascríticasao
governodosEUA
Alguns analistas consideram que a
ideiadeque aTF sejaum
safehaven
carregaum forteconteúdo ideológico
porpartedos
decision-makers
ealguns
analistas norte-americanos. OMinis-
tro de Relações Exteriores do Brasil,
Embaixador Celso Amorim, baseia
sua crítica dizendo que utilizar tal
conceitoparaaTFécontraproducente
e pernicioso para os esforços coo-
perativos contra o terrorismo global,
alémde ter conteúdopreconceituoso
contra a população árabe da região.
(AMORIM, 2004, p. 154).
Ainda no que tange a postura oficial
brasileira, o Ministério das Relações
Exteriores é claro ao repudiar o uso
do terrorismo para impor ideologias
edesestabilizar governos.Alémdisso,
desde1999,oBrasiltemparticipadodo
ComitêInteramericanodeCombateao
TerrorismonaOrganizaçãodosEstados
Americanos (CICTE/OEA) e autorizou
OHizbollah,
(conforme a
transliteração do
árabe significa
“Partido deDeus”)
é uma organização
política emilitar dos
muçulmanos xiitas
do Líbano, criada em
1982no contexto
da invasãode Israel
ao sul do Líbano.
s
Divulgação
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