Revista da ESPM_MAR-ABR_2012

somou-se auma teocracia retrógradaparamarcar uma influência crescente no OrienteMédio. De- pois que os Estados Unidos cometeram o grave engano estratégico de invadir o Iraque em 2003, o equilíbrio do poder tornou-se mais favorável ao Irã, que hoje têm um objetivo de supremacia em todo o OrienteMédio. Confrontam-se nisso, em primeiro lugar, com seus arqui-inimigos, os Estados Unidos e Israel, mas também com as potências árabes sunitas, a começar pela Arábia Saudita e as monarquias do Golfo. O Irã busca difundir a ideia de que um ataque seria contraprodutivo porque suas instalações estão muito blindadas e sua retaliação seria poderosa. Seu trunfo principal seria o bloqueio do Canal de Ormuz. Essa, porém, é uma opção perigosa, quase semelhante ao uso de uma arma nuclear, porque provocaria, inevitavelmente, uma retalia- ção maciça dos países ocidentais. O governo americano, por sua vez, tem um grande interesse estratégico emconter a expan- são do poder iraniano e por isso vai manter suas opções militares em aberto, ao mesmo tempo emque tenta abrir canais de diálogo comTeerã. Ainda que todas as tentativas anteriores tenham falhado, é possível que o Irã queira, pelomenos, ganhar tempo com as negociações que estão por começar. O plano iraniano para aliviar as pressões que já sofre e as sanções que atingem gravemente sua economia está começando a dar frutos, pois os Estados Unidos admitiram abrir um diálogo com a liderança persa com a finalidade de evitar um conflito desastroso que atinja o vital Estreito deOrmuz. Aquestão agora é quais são os limites até onde ambas as partes podem ir em negociações bilaterais carregadas de tensão e animosidade. Oquadroestratégiconão indicaqueumataqueao Irã deva acontecer a curto prazo, pois os Estados Unidos estãoprocurandodissuadir Israel de uma iniciativa singular, como foi claramente o caso da posição de Barack Obama durante a visita a Washington do primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Na ocasião, o presidente americano advertiu para o risco de “conversas ligeiras” que podemservir para acelerar a corrida do Irã para adquirir armas nucleares. O próprio Aiatolá Supremo, Ali Khamenei, elogiou essa declaração em uma fala na televisão iraniana, considerando-a “positiva”. Quem diria? A situação é, porém, volátil e a qualquer mo- mento pode haver um ataque da aviação is- raelense gerando um cenário de convulsão de proporções incalculáveis. LUIZ FELIPE LAMPREIA Embaixador, ex-ministro das Relações Exteriores e professor associado de Relações Internacionais da ESPM. O mundo em ogivas EUA 4.075 FRANÇA 300 ISRAEL 200 REINO UNIDO 192 CHINA 176 ÍNDIA 75 PAQUISTÃO 15 COREIA DO NORTE 2 RÚSSIA 5.192 Israelnuncaadmitiu,oficialmente,possuirarmamentonuclear.Também não há informações confirmadas sobre armas carregadas comogiva, embora continue a rejeitar inspeções do Secretário-Geral da ONU m a r ç o / a b r i l d e 2 0 1 2 – R e v i s t a d a E S P M 91 ES PM

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