Revista da ESPM_MAR-ABR_2012

As lições do desenvolvimento chinês A “crise doOcidente”, e de sua era de triunfalismo de livre mercado, tem encorajado os países emer- gentes a fortalecerem seus projetos nacionais de desenvolvimento. As lições do desenvolvimento chinês dizem respeito ao aprendizado com experiências externas, negação de modelos e gra- dualismona experimentaçãodas reformas. Não só isso,masregulaçãodosinvestimentosestrangeiros, fortalecimento das capacidades estatais, ampliação domercadodoméstico,políticasdeinternalizaçãode tecnologias, e, principalmente, oestímuloàpolítica macroeconômica a favor do desenvolvimento. São essas ações, por exemplo, que têm levado a China a aprimorar os instrumentos estatais de planejamento, mesmo que ampliando espaços para o florescimento do mercado. Assim há pro- moção de setores produtivos novos, ao mesmo tempo que são protegidos aqueles estratégicos e sãocriados “campeõesnacionais”. Comoapontou a reportagemespecial da The Economist (2012), as empresas estatais responderam por um terço do investimentodireto estrangeironomundo emer- gente entre 2003 e 2010, assimcomo somam80% do mercado de ações na China, 62% na Rússia e 38%noBrasil.OEstadochinês éomaior acionista das 150 maiores empresas do país e condiciona a atuação de milhares de outras. Para ilustrar, de um lado há aumento dos ativos das 121 maiores empresas estatais chinesas, que passou de US$ 360 bilhões, em2002, paraUS$ 2,9 trilhões em 2010. Por outro lado, há uma ampliação dos fundos de riqueza soberana que já tem mais de US$ 1 trilhão acumuladono Safe Investment Com- pany e no China Investment Corporation . Da mesma forma, o próprio dinamismo da economia chinesa não pode ser explicado sem a compreensão da estrutura da demanda. São cruciais para o desenvolvimento a participação dos investimentos, em grande parte públicos, responsáveis por 48% da demanda, em 2009, e o consumo governamental (que naquele ano respondeu por 13%da demanda), além dos 35% departicipaçãodo consumoprivadoedos 4%das exportações líquidas (CUNHA, 2011). Por isso, ao Brasil cabe estar atento à dinâmica da economia mundial e à inserção dos países emer- gentes. Mas, sobretudo, à experiência chinesa, INFOGRAFIA: Gustavo Valdivia. FONTE: China Labour Watch (www.chinalaborwatch.org) R e v i s t a d a E S P M – m a r ç o / a b r i l d e 2 0 1 2 68

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