Revista da ESPM_MAR-ABR_2012

R e v i s t a d a E S P M – m a r ç o / a b r i l d e 2 0 1 2 104 precisamos de novos vetores de crescimento da economia brasileira daqui para frente. EDUARDO – Em longo prazo, o plano para o Brasil envolve a questão da reformulação do ambiente, do ar- ranjo institucional, das organizações e das instituições. Acompanhamos ummomento de ruptura na Europa, que favorece uma mudança institu- cional, um repensar de governantes. Existe o consenso de que estamos num momento favorável por conta da crise, além da possibilidade de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, mas não vejo uma fase de ruptura. Até falamos da arriscada política da presidente Dilma, que mudou o líder do Congresso. É preciso mais do que isso, com a criação de um movimento no qual o Estado seja capaz e gerar direitos de proprieda- de para que os agentes econômicos consigam investir e pensar mais em longo prazo. Ao mesmo tempo, estou otimista com o cenário. OCTAVIO – Se continuar crescendo pouco, teremos de buscar uma nova fórmula vencedora. O grosso da inclusão social já ocorreu. O crédito crescerá a taxas menores. O câmbio apreciado que aumentou a renda das pessoas não estará mais dispo- nível. Finalmente, o gasto corrente vai ter de focar em investimentos. Portanto, teremos de encontrar novos vetores para crescer mais do que os 2,7% de 2011. MARCONINI – Temos muitas razões para sermos otimistas, até mais do que a média histórica brasileira. No setor agrícola, por exemplo, 87% da terra arável no Brasil não são utilizados. Também temos a questão do gado e da energia limpa... O Brasil terá muito a di- zer nessas áreas. É só não errar. Preocupo-me, no entanto, com o que considero um viés estatal excessivo por par te de nossos governantes. O país não precisa colocar a Petrobrás, por exemplo, em absolutamente tudo que se relaciona ao petróleo. Há outra oportunidade no tocante à ques- tão do investimento estrangeiro, que tende a crescer e que pode contribuir de forma significativa para a transformação do parque industrial brasileiro. O caso da Boeing, por exemplo, diz muito a esse respeito. A empresa tem planos de se estabelecer no Brasil e pode, com presença e parcerias locais, contribuir para a criação de um verdadeiro parque industrial aeronáutico no país. Finalmente, sobre o grande desafio de nossas relações exteriores: a China. Te- mos uma grande vantagem sobre ela e seu capitalismo de Estado, porque já somos uma democra- cia e conseguimos administrar as grandes demandas sociais. A China não tem isso e algo pode acontecer. A questão é que há uma nova liderança que se diz reformista, mas o setor exporta- dor e as empresas estatais não querem mudar o modelo atual. E } Gosto da f rase de Ce l so Lafer (ex-mi n i st ro das Re- l ações Ex ter i ores) que d i z i a que { o Mercosu l não é uma opção, é um dest i no | ~

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx