Sustentabilidade_Janeiro_2010 - page 33

janeiro
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fevereiro
de
2010 – R E V I S T A D A E S P M
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autores comoUlrich Beck eAnthony
Giddenspropõemum indivíduoauto-
reflexivo,cujaprópriavidaéumobjeto
deautoanáliseereversãodepercursos.
Oprofessorquestiona, contudo, sehá,
na contemporaneidade, condições
propícias para pensarmos a própria
existência, umavezqueos indivíduos
que comandam o processo, como os
stockbrokers
das bolsas de valores,
atuamnumautomatismoquenãoexige
pensamento;eamaioriadapopulação
mundial tambémpouco pode pensar,
pois suaprioridadeé sobreviver.
NoBrasil,apartirdoPlanodeReforma
doAparelhodeEstado
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,de1995,lidera-
dopeloministroLuizCarlosBresserPe-
reira,aconcepçãoquenorteiaamaior
partedasações sociaiséadocidadão
reflexivo, como foco no indivíduo e
destaque para o papel das organiza-
ções da sociedadecivil eparticipação
dasempresascomopatrocinadorasou
comooperadorasdiretas, pormeiode
fundaçõeseoutras instâncias.
Tendo essas distinções emmente, des-
tacamos, a seguir, alguns aspectos
relevantesparapensar eatuarde forma
sustentável, levantados no IV Simpósio
realizado na ESPM. Aspectos que se
situamnoescopodacadeiaprodutivae
evidenciamosdesafiosqueasempresas
enfrentamaotentarconciliaraapostana
capacidadereflexivados indivíduoseas
necessidades empresariais de controle,
institucionalizaçãoegestãoemescala.
Sustentabilidade
e inovação
LindaMurasawa, Superintendente de
DesenvolvimentoSustentáveldoGrupo
Santander Brasil, observou que trazer
a sustentabilidade para o cotidiano
requer foco voltadopara onegóciodo
banco, com ações comomicrocrédito,
risco socioambiental, investimentos e
financiamentos responsáveis. Um des-
locamentoque implica soluções novas
e converte a sustentabilidade em vetor
de inovação. Percepção corroborada
porDanielCharleaux,queapresentoua
sustentabilidadecomopartedomodelo
denegóciodoGrupoCarrefour,mostran-
doqueacompanhiapassa,dessaforma,
da“prestaçãodecontas”paraumavisão
que trataasustentabilidadecomoques-
tãode inovaçãoeempreendedorismo.
Essa perspectiva de geração de valor
sustentável, baseada no modelo do
professorStuartHart(2004)daUniversi-
dadedaCarolinadoNorte,tambémfoi
mencionadaporCarlosAlbertoArruda,
daFDC,queapresentouumavisãode
sustentabilidadecomdois níveis: ode
cima, que envolve aspectos econômi-
cos, sociaiseambientais;eodebaixo,
que é cultural e lida comdiversidade,
liberdade, o estético e o ético. Con-
cepção que conduz a empresa para
um processo de inovação sustentável
– que inclui novas tecnologias, novos
modelosdenegóciose transformações
comportamentais − cuja meta final é
o crescimento empresarial ancorado,
como um todo, na sustentabilidade.
Citou,nessesentido,ocasodaSiemens,
quecomprouamaiorempresamundial
de geração eólica de energia, com o
objetivo de ocupar o posto de líder
mundial emenergias renováveis.
Cadeiaprodutiva
complexa
A complexidade com a qual as em-
presas têm de se deparar ao assumir
compromissos sustentáveis foi deta-
lhada nas discussões a respeito da
geraçãodeenergiaedoagronegócio.
Eduardo Leão, Diretor Executivo da
Uniãoda IndústriadaCana-de-açúcar,
setorque representacercade16%da
matriz energética brasileira, destacou
a gama de produtos, além do etanol,
que podem ser utilizados a partir da
cana, como o diesel renovável e os
bioplásticos que, junto com abioele-
tricidade, compõem um
portfólio
de
usos extremamente rico e variado. A
pesquisadora Suani Teixeira Coelho,
doCentroNacionaldeReferênciaem
Biomassa (CENBIO) daUniversidade
de São Paulo, lembrou, por sua vez,
que,naproduçãodebiocombustíveis,
háuma sériedequestões a seremen-
frentadas.Opaís precisaavançar, por
exemplo, no tratamentodosefluentes
líquidos e no uso de água. Lembrou
tambémque, embora a utilizaçãodo
etanol em substituição à gasolina re-
duzaaemissãodecarbono,aemissão
atmosférica resultante da queima da
palhadecanaeasquestõestrabalhistas
ainda merecem atenção. Destacou,
sobretudo, que pensar a competitivi-
dade do etanol brasileiro, em termos
de balanço energético, redução de
gásdeefeitoestufaecustosdeprodu-
ção, significapensar numacomplexa
cadeia produtiva, desde os insumos
e produção agrícola até o uso pelos
consumidoresfinais.
Normas e sistemas
decertificação
Aquestãodos sistemas decertifica-
ção veio à tona na fala de Eduardo
Leão, da UNICA, que descreveu a
proliferaçãode propostas emdiver-
sas partes do mundo, com ênfase
na União Europeia. Exemplificou
com o caso da cana-de-açúcar
que é atualmente alvo de variados
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