Maio_2005 - page 87

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M A I O
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J U N H O
D E
2 0 0 5 – R E V I S T A D A E S PM
managers
, executivos – estamos
construindo uma imagem em torno
do que é bonito. Nunca aparece um
homemde 70 anos, com suamulher
de 70 anos, fazendo alguma coisa
bonita e que dê prazer. Só se vêem
pessoas com20, 25anos. Pareceque
só é possível ser feliz hoje em dia se
você for alta, bonita, de olhos claros,
jovem, ricaecasadacomum jogador
de futebol...
FLÁVIO
– Quando oGalasso disse
quenão sabe se fezumaboaescolha,
ao trabalhar 38 anos na Lever, sem
querer, ele respondeu, porquemostra
orgulho, satisfaçãode ter ficado tanto
tempo lá. Eu estou namesma situa-
ção: completo40anos deprofissãoe
estouhá 33naDPZ. E a publicidade
é ummeio onde a juventude é qua-
lidade – é um fator primordial. A
propagandaécomoo futebol –pára-
se aos 29 anos. Imaginemque atendi
ao Mário Chamie – que se auto-
denomina“arqueológico”.Quandose
chega, nessa profissão, à idade que
cheguei, nota-se claramente como a
experiência e vivência com jovens é
importante. O jovem precisa de
alguém experiente para orientá-lo.
Temosquepensarnonegócio;sócom
jovens, nenhuma empresa vai para
frente. Com a era da informatização,
a corrida tornou-se intensa. Nós, os
mais velhos, sofremos com isso –
competir com o jovem, ficar update
com ele. Quando atendia aoMário,
eu fazia propaganda da máquina de
escrever Electra 22. A experiência,
hoje, é fator fundamental nos negó-
cios.OBrasil éumpaísmeioprecon-
ceituoso contra a idade. Lá fora,
muitos profissionais fundaram agên-
cias fantásticas aos 50 anos. Aqui,
quandosechegaaos50,é condenado
a sair do mercado. Pois estou com
bemmaisde50,econsidero-meden-
trodomercado, eaexperiênciaque
estou tendo com os jovens é ótima.
Quem ganha com isso é a empresa.
AMALIA
– Do que você está di-
zendo, o que me chama atenção é
atualização. O fato de envelhe-
cermosnãoquerdizerquecontinua-
mosatuandocomoquando tínhamos
18anos.Continuar falandocontode
réis, achar que está ficando moder-
ninhoporque está usando argumen-
tosdopassadopara tentarsairdeuma
situação em que você próprio se
constrange. Atualizar-se independe
da idade. Vemos homens que se
cuidam. Cuidar-se é uma forma de
se respeitar; não é vaidade. Mas
todos precisam de atualização para
nãovirar dinossauro– tantohomens
quanto mulheres.
GALASSO
– Sou uma pessoa que
procuraseatualizarsempre.Quando
issodeixardeacontecer,estoumorto.
Mas é verdade que, com a idade,
nos tornamos mais conservadores.
Eu, por exemplo, quando olho a
propagandadehoje,vejocoisas que
não aceito. Os jovens gostam; eu
não gosto e não aceito. Vejo filmes
da própria Unilever e digo: “Meu
Deus, quem aprovou isso?”
JR
–Mas, dependendodaóptica, os
jovens tambémpodem ser conserva-
dores. Quero voltar ao assuntomer-
cado de trabalho. A realidade da
grande empresa não é a realidade
do Brasil. Certamente, no Brasil o
percentual de pessoas que são em-
pregadosdeempresasmédiasegran-
des deve sermenor do que 50%. O
que existe, agora, – e oMário cha-
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