Revista da ESPM_MAR-ABR_2012

no futuro, a receberia em troca de umamercado- ria qualquer, mas igualmente semo saber de que isso pode não acontecer? No entanto, essa análise, que provavelmente Merleau-Ponty teria escrito, deixa escapar como o cursodamoedatambémsuprimeotempo,instaura umatemporalidadeprópria,namedidaemqueesse mediadordas trocaspodeser substituídoporoutra moeda de mesmo valor ( L’Institution La Passivité , deMauriceMerleau-Ponty, Editora Belin, 2003). O poder, como sabemos, não passa agora de uma paródia dos signos do poder (valor de signo: con- ceito que se refere à criação de bens de prestígio e necessidades criadas pelo marketing de mercado contemporâneo, opondo-seaovalordeuso), assim comoaguerra tambémnãopassadamanipulação dos signos da guerra, da qual a técnica faz parte, mascarada da guerra, mascarada do poder. Assim, podemos nos referir a uma hegemonia da mascarada e a uma mascarada da hegemonia. (Jean Baudrillard) Oque separa a dominação da hegemonia seriam então a falência da realidade e a irrupção ultrar­ rápida, emuma atualidade muito recente, de um princípiomundial de simulação, umaascendência mundial que é aquela do virtual. A globalização, essa hegemonia de uma potência mundial, só pode ocorrer no quadro do virtual e das redes de uma homogeneidade, que é aquela dos signos esvaziados de sua substância. Todaessamascarada, simulacro: principal concei- to trabalhado por Baudrillard, diz que o mundo que se conhece atualmente é uma simulação construída sobre a representação de representa- ções: uma cópia sem que haja um original. Essas simulações existiriampara levar aspessoas apen- sarem que uma realidade identificável realmente existe, quando, na verdade, ela seria formada de imagens falsas, em que o signo se torna mais importante que aquilo que ele representa. Se- gundo Baudrillard, a formação do simulacro faz a imagem passar por fases sucessivas, levando a um resultado que não temnenhuma relação com a realidade: é o próprio e puro simulacro. HIPER-REALIDADE: conceito ligado ao de simulacro (muitas vezes, usados como sinôni- mos), é a simulação da realidade que substitui o real, produzindo um simulacro completamente diferente da realidade original. DISNEY FICÇÃO: noção de que, por meio dos simulacros, omundo está se tornando cada vez mais parecido com um parque temático, onde nada é real, só representação. R e v i s t a d a E S P M – m a r ç o / a b r i l d e 2 0 1 2 78 Em seu livro, A Sociedade do Espetáculo , Guy De- bord expôe sua posição sobre o capitalismo tardio e o pós-guerra ao sondar as raízes históricas, econô- micas e psicológicas da mídia e da cultura popular, mostrando o que Barthes definiu como “sociedade do espetáculo”, como um dos principais problemas da sociedade contemporânea. Angustiado com a hegemonia dos governos e da mídia sobre a vida quotidianapelaproduçãoemmassae consumo, ele critica o capitalismo do Ocidente e do comunismo ditatorial do bloco do Leste pela falta de autonomia permitida aos indivíduos em ambas as estruturas governamentais. Debord afirma que a alienação ganhouumanovarelevânciacomasforçasinvasoras do “espetáculo” -“uma relação social entre pessoas mediadapelasimagens”,compostodosmeiosdeco- municação, propaganda e cultura popular, definindo o espetáculo como um mecanismo de controle de autorrealização para a sociedade capitalista após a 2 a Guerra Mundial FONTE: The Guardian

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