Revista da ESPM_MAR-ABR_2012

R e v i s t a d a E S P M – m a r ç o / a b r i l d e 2 0 1 2 28 A “cultura rentista” pode ser definida como o conjunto de crenças e atitudes que incor- poram um comportamento que busca o lucro semcorrer riscos no processo de produ- ção de bens e serviços. Ela é umobstáculoàpossibilidade de criação de riqueza e de- senvolvimento econômico da sociedade Tais fatos, por sua vez, têm consequências sobre a vida de todos os habitantes do planeta, modificando situações políticas, econômicas e culturais que muitos acreditavam imutáveis, pois estavam consolidadas há décadas. Espe- cificamente quanto às mudanças econômicas, cabe destacar dois fenômenos. O primeiro deles é a alta mobilidade dos ca- pitais financeiros ao redor do mundo, o que por um lado potencializa as possibilidades de lucro e por outro gera o mesmo efeito com as possibilidades de prejuízo. Com a interligação tecnológica, hoje se pode falar em algo que mal existia há 50 anos, o denominado sistema financeiro internacio- nal, talvez a face mais visível da globaliza- ção. Nele, ativos financeiros são criados por alguma instituição financeira componente do sistema, que os disponibilizará para investidores do mundo inteiro, que por seu turno deverão ser atraídos por uma relação positiva entre a rentabilidade esperada, vis- à-vis o risco envolvido. Nesse contexto, há uma quase infinita gama de possibilidades de investir, o que por si só já dificulta a escolha. Esta, por sua vez, deverá ser baseada na quantidade e na qualidade das informações obtidas pelo investidor sobre um determinado ativo, fundamentais para se es- tabelecer a tal relação rentabilidade/risco. No entanto, dado que a quantidade de informação disponível nomundo globalizado é gigantesca, temos aí outra dificuldade a ser superada. Entretanto, num comportamento tipicamente humano, percebe-se que, se existem as difi- culdades citadas acima, é preciso entender que elas também podem ser encaradas como as grandes atrações para todo aquele que possua algum capital disponível para inves- tir, pois são as soluções bem-sucedidas em superá-las que tornarão possíveis os altos lucros obtidos por esse tipo de investimento. Ou seja, aquele que obtiver as melhores in- formações e souber utilizá-las para escolher o investimento mais rentável, obterá os me- lhores resultados. Parece tentador e, portanto, estabelece altos índices de atratividade. À primeira vista pode-se deduzir que a quan- tidade de investidores financeiros é pequena, considerando-se as dificuldades citadas e, acredita-se, a necessidade de altas somas de dinheiro para ser aceito como tal. Todavia, outra novidade trazida por estes novos tempos é que um investidor nem sempre necessita ter um capital disponível tão grande assim, pois o sistema financeiro consolidou os chamados investidores institucionais, entidades que não só se preocupam com toda a complexidade das es- colhas a serem feitas, como tambémsão capazes de reunir os capitais de milhares de pequenos investidores, que, somados, chegam a formar montantes da ordem de bilhões de dólares. Desse modo, foi criada uma “comunidade” internacional de indivíduos imersos na deno- minada “cultura rentista”, permanentemente ligados às fontes de informação, mesmo que Mmaxer

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