Revista da ESPM
janeiro / fevereiro de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 81 } Hoje, o consumidor da classe C não quer sa- ber se é Calvin Klein ou Nike, ele não liga para marcas, porque busca uma etiqueta chamada preço. Então, o varejo está voltando para a rua. ~ da família, o local onde as pessoas se encontram, é a antiga praça, onde as pessoas vão para interagir fisicamente, porquehojetudoéfeitoatravésdainter- neteoshoppingsetornouumdosgran- des pontos da interação interpessoal. PASTORE – O que chamamos não de ponto-de-venda, mas ponto de relacio- namento entremarcas e pessoas. NABIL – Shopping center é, indis- cutivelmente, consumo e mais uma série de coisas importantes que cres- cemassustadoramente. Por exemplo: hoje, temos empreendimentos com oito, dez, quinze salas de cinema, que aumentam o fluxo dos consu- midores em até 35%. GRACIOSO – A previsão é de que irá dobrar o número de cinemas em shop- pings nos próximos cinco anos. MARINHO – Os shoppings salvaram os cinemas no Brasil, pois estavam em extinção. Não vejo o consumo como uma palavra pejorativa. GEORGE – Não é o consumo, mas sim o templo. KELLER – Nunca foi templo. O shopping é o lugar onde as pessoas vão comprar. MARINHO – Autor de A felicidade paradoxal (Companhia das Letras), Gilles Lipovetsky fala em três fases do consumo. Estamos na terceira, que é a fase onde o consumo transcende a coisa, que passa a ter significado. Somos um lugar onde as pessoas compramcoisas supérfluas e isso não é nenhum problema. MÁRIO RENÉ – OGilles não concor- da, fala que muita gente cita a sacrali- zação e ele não enxerga dessa forma, vê mais como um espaço lúdico de troca de consumo... MARINHO –Exatamente,umconsumo no sentido de que as pessoas vão além dascoisas,alémdoqueantigamenteera o consumo do necessário. É o consumo do supérfluo. KELLER – Não é só consumo. O shopping é um lugar onde se pode ter acesso a várias coisas. Por exem- plo: trabalho na torre do Shopping Morumbi, porque lá tem banco e tudo o que preciso para minha em- presa. Tem tambémo shopping, mas nem por isso eu consumo. NABIL – Com a chegada do Natal, as famílias se reúnem e vão olhar a deco- ração como para apreciar arte. MARINHO – Mas isso é consumo de cultura, de serviço... GEORGE – Isso é lazer. NABIL – Nesse período, os investi- mentos em decoração de Natal são milionários e isso é feito para atrair esse consumidor e mostrar a ele que o shopping está antenado com o que há de mais moderno. O consumo passa a ser uma consequência natural daquele entretenimento. O Shopping Paulista fez um convênio com uma livraria e hoje tem um espaço onde você pode entrar e ler seu jornal sem pagar nada. Issomostraahumanizaçãodoshopping center,mostraqueele respeitavocê. São açõescomoascaminhadasmatinaisque podem ser feitas nas dependências do ShoppingInterlagos,quedepoisoferece umcafédamanhãgratuitoparaaqueles que participaram. Essa é uma relação que vai alémdo discurso: “Venha com- prar no meu shopping”. É claro que se amanhã eu precisar fazer uma compra, vou lembrar desse empreendimento que, de certa forma, me trouxe algum
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