Revista da ESPM

janeiro / fevereiro de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 77 } Sentimos que os projetos irão aumentar no interior de todo o País. Teremos, nos próximos cinco anos, o dobro da média dos últimos cinco anos. ~ MARINHO – É mais do que isso. O shopping center já está incorporado à culturadobrasileiro, emfunçãode tudo o que foi comentado aqui, como o caos urbano, incluindo a violência... KELLER – Você acha que o mix é que define? MARINHO – Não. É o mix de lojas, o ambiente que o shopping oferece e a experiência que tanto o mix de lojas quanto o ambiente são capazes de pro- porcionar. A diferença entre comprar na rua, na internet ou no shopping é a experiência, a “ atmosfera ”. Existe hoje uma cultura no País muito associada ao shopping center. Ele virou umponto de encontro, foi associado a uma série de coisas agradáveis. É por esse motivo queessaondadeinsegurançaeviolência querecentementeatacouosshoppingsé tãoperigosa,nãosóparaasegurançado empreendimento, mas para o conceito. Esses assaltos não prejudicam apenas o negócio, de alguma maneira ferem também o conceito do shopping como uma ilha, umoásis. SIMONSEN – Quebrou-se o dogma de que tenho no shopping 100% de segurança e conforto. NABIL –Temosdeconsiderarque,neste momento, no nosso país, algumas cen- tenasdepessoas estãosendoassaltadas no comércio de rua, só que isso não é divulgado na imprensa. Em 2010, não tivemosmaisdoque40assaltosnos750 empreendimentosexistentesnoBrasil,o que, estatisticamente, não é nada. PASTORE – Não há no shopping as- salto à pessoa física, ninguém aborda o consumidor. É assalto à pessoa jurídica, umaempresa,umbanco,umajoalheria. MARINHO –Mas éumassaltoà sensa- ção de que ali é umoásis. Oshopping é umoásisporquenadaacontecede ruim dentro dele, não chove, todo mundo é feliz, não há tristeza... PASTORE – O shopping construiu essa imagem. MARINHO – Construída e percebida. MÁRIO RENÉ – Não sei se é tão per- cebida. Saiu nos jornais a notícia de que um PM sequestrou um jornalista no shopping, saindo da academia. De acordo com a neurociência, se existe umaexperiênciaruimcomoprodutoou serviço, esse produto ou serviço é pra- ticamente esquecido pelo consumidor. São funcionamentos cerebrais. Pessoas que são fregueses habituais deumbom restaurante há dez anos, se encontram um fio de cabelo ou uma asa de barata no prato uma única vez, dizem: “Vou mudar de restaurante”. Isso não é uma decisão arbitrária e sim neurológica. E isso vale para a questão da segurança nos shoppings. NABIL – A imprensa tem faladomuito sobre a segurança. Mas não existe em qualquer lugar do mundo uma segu- rança perfeita, esse é o primeiro ponto. Osegundopontoéqueo consumidor é suficientementeinteligenteesábio,por- que se tiver que escolher entre ir ao em- preendimento à noite e como segunda opçãoiraocomércioderua,vaiescolher sempre o shopping center, emqualquer horário.Segundoa ABRASCE,sãomais de450milhõesdepessoasquepraticam shopping center todomês – claroqueas pessoas se repetem – os dados da AL- SHOP são 420 milhões, então estamos bempróximos. GRACIOSO –Qualamédiadefrequên- cia damesma pessoa por mês? NABIL – Três vezes por semana, por shopping. Esse é o comportamento, principalmente, da dona de casa. GRACIOSO –Emtornode centoepou- cos milhões por mês... SIMONSEN – São doze vezes aomês. NABIL –Hojetambémtemosescritórios em que as pessoas vão todos os dias almoçar e acabam circulando, temos uma estatística importante de frequên­ cia. Quando se aborda a questão do consumidor, os shoppings e o varejo estão em constante transformação. O Marinhocitouque“averdadedeontem não é a verdade de hoje e nemserá a de amanhã” e por isso que decifrar o con- sumidor éuma coisadepresentefuturo. Oshopping center precisa se preocupar com seus lojistas para que eles tragam novidadesqueacontecemotempotodo. Dentro dessa filosofia, para manter o shopping na crista da onda é preciso buscar a inovação, o que está acon- tecendo de novo no mundo. O apelo da vitrine atualmente é um ponto tão importante que arquitetos estão sendo contratados. A compra em shopping é decididamuitopelo impulso euma boa vitrine é capaz de puxar o consumidor para dentro da loja. KELLER – Veja como aumentou o tamanho das vitrines. Antigamente, erampequenas. Hoje temos vitrines de cincometros. NABIL –Afidelizaçãodoconsumidor é uma busca constante e esse é o grande diferencial do shopping em relação à rua. Ele se recicla o tempo inteiro e está sempre embusca de novidades. Como

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