Revista da ESPM

R E V I S T A D A E S P M – janeiro / fevereiro de 2011 64 sustenta. Há vários motivos pelos quais deve- -se duvidar desses dados. O maior problema ocorre com dados obtidos através de bancos de geomarketing, que são, na verdade, repre- sentações pictográficas, com mapas bonitos mas alimentados por dados desatualizados, não verificados e incompletos. Sem uma efetiva triangulação das infor- mações, os dados tendem a ser pouco confiáveis. E essa triangulação exige um trabalho que os bancos de dados prontos, mesmo de fontes oficiais, nunca têm. A segunda etapa, a extrapolação dos dados da área de influência para pro- jeções e prognósticos de potencial, ocorre por uma variedade demétodos; alguns mais rigorosos e outros mais baseados em cenários ou pura intui- ção. Aceitando-se que a primeira eta- pa conseguiu reunir dados corretos, podemos prosseguir para inferências; ou seja, para uma conclusão se o ponto é viável ou não. Novamente, a qualidade da conclusão será totalmente dependente do mé- todo. E como toda conclusão tem um elemento humano e, portanto, sub- jetivo, é preciso que o empreendedor ou investidor tenha consciência da qualidade da decisão que está sendo tomada; ou seja, é preciso saber até onde o método usado na inferência permite chegar. Em grandes linhas, há três famílias de métodos para inferência de potencial de mercado para shopping center: os pseudométodos, os métodos quali- tativos e os métodos quantitativos. Os pseudométodos são exatamente o que a palavra diz: pseudo, ou seja falsos. Dão a impressão de grande elaboração, apresentamumamassa enorme de dados para no fim chegar a uma conclusão que não tem realmente nenhuma técnica. O mais comum deste grupo de pseudométodos é o chamado método residual e suas variantes. Desneces- sário dizer que a conclusão é inválida. A segunda família de métodos é a de métodos qualitativos. São, por natureza, opinativos. Às vezes, podem contar com a avaliação de especialistas ou de líderes de opinião do setor. Dependendo da qualidade do estudo, quando se constroemcenários corretamente formulados com base multidisciplinar e multifontes, esses métodos podem ser eficientes. Em países ou regiõesnas quais apresençadedados estatísticos é muito deficiente, os métodos qualitativos são utilizados com sucesso. Mas por ser qualitativo, ganha-se muito em entendimento, com base no urbanismo e na antropologia, mas não há nenhuma projeção numérica de vendas. Finalmente, a terceira família de métodos agrupa os procedimentos quantitativos. Há métodos puramente econométricos, métodos estatísticos e possíveis combinações dessas duas vertentes. O objetivo dos métodos quantitativos é produzir projeções e prognós- ticos numéricos que tenham propriedades de permitir a inferência com intervalos e níveis de confiança. Permitem, portanto, que se atribuammargem de erro aos resultados. São métodos que exigem elevada precisão dos instrumentos de coleta de dados, medidas das variáveis e tendem a ser mais caros e mais de- morados. Mas os resultados numéricos e ob- jetivos são um forte atrativo desses métodos. Ganhando rentabilidade O estudo de potencial aplica-se igualmente para shoppings já existentes, não somente para novos empreendimentos. Mesmo sem poder relocalizar o shopping (afinal, este é o único fator imóvel do negócio), o conheci- A competitividade de um shopping está dire- tamente relacionada à qualidade de seus lojis- tas e ao equilíbrio das lo- jas e grupos de produtos ofertados.

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx