Revista da ESPM

R E V I S T A D A E S P M – janeiro / fevereiro de 2011 58 A 25 de Março foi bati- zada, em 1865, como o maior centro comercial a céu aberto da América Latina. passos com a iniciativa de um grupo de inves- tidores visionários, e apenas 10 anos depois dos americanos, dá partida na construção do que hoje é o Shopping Iguatemi em São Paulo, templo do desejo premium de consumo. O resto é história recente. O Brasil da pós-modernidade, oásis no deserto da crise global dos mercados, ainda segue sua vocação de um país de grandes contrastes, de problemas continentais. Embora sejamos o 9 o PIB do planeta, somos o 73 o em IDH, o 89 o em desigualdade social, o 102 o emmédia de anos de estudo da população, atrás doMéxico, da Líbia de Kadhafi e do Peru, em dados recém-publicados pela ONU. Tudo indica que seremos a 7 a eco- nomia do mundo em 2011 ( Folha de S. Paulo , 7/11/2010 – Entrevista com Michel Maffesoli). Aqui convivem o estado da arte desses centros comerciais, extremamente sofisticados, com um ainda prevalente e pujante comércio de rua tradicional, característica de países emdesenvol- vimento. Assim, para exemplificar, na Turquia, em Istambul, desde 1461 encontra-se o Grand Bazar, um dos maiores centros comerciais do mundo, com 60 ruas, 5.000 lojas e entre 250 e 400 mil consumidores diários, e uma indústria de shopping centers das mais sofisticadas. Em São Paulo, o nosso Grand Bazar é a 25 de Março, que foi batizada, em 1865, como o maior centro comercial a céu aberto da América Latina, com cerca de 1.400 lojas cadastradas e 400 mil frequentadores por dia – tem de tudo para todos. No Brasil as classes A e B representam 66% do consumo dos shopping cen- ters. O valor das vendas estimado para 2010 é de R$ 87 bilhões, representan- do um crescimento de 50%em relação a 2007, ano das grandes consolidações do segmento. A entrada de grandes grupos profissionalizados no negócio de shopping centers promoveu um choque de governança, pois esses investidores buscam recursos nas bolsas de valores e têm de dar conta pública de resultados. Essa onda profissional trouxe para o mercado uma com- preensão clara de que o shopping atrai, os lo- jistas seduzem e os consumidores escolhem o que converter em consumo. Entretanto, esses centros deixaram de ser apenas orientados ao consumo, pois os planejadores profissionais sabem que, para haver conversão, é preciso tráfego, serviços, é necessário, por último, que sejam um fato social para a zona de captação primária. Assim, são concorrentes do imagi- nário de “bairro”, numa ponte direta com a “casa e a rua”. Consumo e diversidade de ofertas no século XXI Com a grande produção de bens e serviços nessa arrancada de nosso século, com a diver- sidade quase infinita de estímulos de consumo no cotidiano e, mais ainda, pela simplificação ordinária dessemesmo cotidiano que os shop­ ping centers representam, temos um risco iminente. Trata-se da mesmice, da monotonia desses espaços. Muito embora o planejamento siga uma ordenação de ideias mais ou menos iguais para uma determinada comunidade de influência primária, as empresas tambémestão se especializando em relação aos seus públicos. Assim, vemos repetir-se as mesmas ofertas de lojas em diferentes shoppings, e podemos afirmar que o projeto segue mais ou menos o mesmo script . Por outro lado, alguns shopping centers real- mente destacam-se de seus congêneres. Seja porque diferenciam o espaço, seja porque transformam-se em verdadeiros “bairros”, envolvidos por edifícios de escritórios e de conjuntos residenciais de acordo com o seu público. Um bom exemplo disto é o Shopping Cidade Jardim em São Paulo, isolado, que projetou um conjunto de edifícios residenciais e de escritórios, extremamente sofisticados no entorno do “mall”. Outro exemplo fantástico Divulgação

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