Revista da ESPM
R E V I S T A D A E S P M – janeiro / fevereiro de 2011 52 } Há muitos lugares na Europa, por exemplo, que desencorajam, pela legislação, o desenvolvimento em grande escala desse tipo de varejo. ~ ENTREVISTA GRACIOSO – Sabemos que os shopping centers estão presentes no mundo inteiro. Poderia discorrer sobre o assunto, citando os paísesmais importantes e as caracterís- ticas que os shopping centers assumiram em cada um deles? Por exemplo, as lojas de rua ainda são importantes? KERCHEVAL –Emboraos EstadosUnidos sejam reconhecidos por terem concebido e cultivado o conceito de shopping centers “fechados” como uma formadevarejodominantee tenhamamaior concentração de shopping centers no mundo, não há, talvez, umpaís nomundo que não tenha algum tipo de shopping center. No entanto, isso não significa que o shopping seja uma forma de varejodominante emtodos os países, ou sejauni- versalmente aceito. Hámuitos lugares naEuropa, por exemplo, quedesencorajam, pela legislação, o desenvolvimento emgrande escala desse tipo de varejo. Em muitos casos, isso é feito por pressão dos pequenos varejistas de rua, na tentativa de proteger o“status quo”. Esse tipode restriçãovem diminuindo ao longo dos últimos anos. Muitas comunidades estão descobrindo agora que o va- rejo de grande porte, como shoppings e centros comerciais, pode coexistir como comérciode rua, trazendo mais opções e preços, geralmente mais baixos aos consumidores. GRACIOSO – No Brasil, os shopping centers preparam-se agora para reforçar a sua po- sição nas classes C/D. Mas terão um sério concorrente nos grandes agrupamentos de lojas de rua existentes emalgumas cidades, como São Paulo. São verdadeiros outlets , cujas principais armas são a variedade e o preço baixo. Como atrair esses novos consumidores a ambientes de compra como os shopping centers? Haverá resistências? KERCHEVAL – Uma das muitas coisas que con- tribuem para o sucesso de um shopping fechado é a sua capacidade de controlar seu ambiente interior (temperatura), iluminação e segurança. No Brasil, onde, muitas vezes, as temperaturas são muito altas, um shopping fechado pode atrair consumidores que querem simplesmente fugir do calor. Uma das outras vantagens de um shopping é que ele apresenta uma variedade de ofertas sob o mesmo teto: lojas, cinemas, locais de entretenimento, restaurantes, praças de alimentação etc. Combinados, esses elementos criamum local atrativo, que temalgo para todos. Eu não acredito que o crescimento do shopping fechado vá prejudicar os comerciantes de ruas de comércio ao ar livre do Brasil. São dois tipos diferentes de compras e destinos. As compras em ruas de comércio “abertas” têm tudo a ver com preços e a compra de produtos de uso diário (ex.: alimentação), enquantoquecomprasemshopping center é mais sobre a “experiência”, a vivência do processo de compras. Acredito que os dois tipos decomérciopodemcoexistirmuitobempróximos. GRACIOSO – Falando ainda do Brasil, que cenário o Sr. imagina para os nossos shop- ping centers, nos próximos anos?Crê que a expansão serámais horizontal (geográfica) ou vertical, procurando atingir as classes mais pobres? KERCHEVAL – Acho que virá de ambas as áreas. Aeconomia doBrasil está crescendomuito rapidamente e a renda da classe média também. Então há uma demanda por produtos e uma ne- cessidade de atender a essa demanda. No Brasil, onde o emprego global cresceu cerca de 38% de 2002 a 2009, o emprego no setor varejista cresceu aproximadamente 52%, no mesmo período. Isto significa, claramente, queháumademanda espe-
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