Revista da ESPM

janeiro / fevereiro de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 43 MARINA PECHLIVANIS Sócia-diretora da Umbigo do Mundo, mestre em Comunicação e Consumo pela ESPM e integrante do GEA (Grupo de Estudos Acadêmicos), da Am- pro. Palestrou no Festival de Cannes/Promo Lions 2008 lançando o conceito “ Gifting ”. É coautora do livro Gifting (Campus Elsevier, 2009) BAUMAN , Sygmunt. Modernidade líquida . Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. CARDOSO , Sérgio. O olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. CANCLINI , Néstor García. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização . 5 a ed. Rio de Janeiro:UFRJ,2005. CANEVACCI , Massimo. A cidade polifônica . São Paulo: Studio Nobel, 2004. MASSIMO , Illardi (org.). La Città Senza Luoggi. Gênova: Costa e Nola, 1990. FEATHERSTONE ,Mike. Culturaglobal:nacionalismo,globalização e modernidade. 3. ed. Petrópolis:Vozes, 1999. FERNÁNDEZ-ARMESTO . Comida uma história. Rio de Janeiro: Record, 2004. FLANDRIN, Jean-Louis; MONTANARI , Massimo. História da alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 1998. FREITAS , Ricardo Ferreira. C entres Commerciaux: îles urbaines de la post-modernité . Paris: Éditions L’armattan, 1996. KLEIN , Naomi. Sem logo . Rio de Janeiro: Record, 2006. KÖPYTOFF, I. Hanners. The International African Frontier: The making of African Political Culture . In: The African Frontier. Bloomington: Indiana University Press, 1987. SARLO , Beatriz. Cenas da vida pós-moderna . Rio de Janeiro: UFRJ, 2004. SILVERSTONE , Roger. Por que estudar a mídia? São Paulo: Loyola, 2002. BIBLIOGRAFIA de frequência, espaços de consumo e organi- zação de convivências que delineiam as tribos sem excluir nenhum de seus visitantes, mesmo que não consumidores. Perfeito na teoria e na fala midiática, impulso igualitário produz novos preconceitos sociais, raciais, sexuais, morais e tribais, resultantes da coprodução de sentidos estruturada por consumidores, visitantes, funcionários, lojistas entre outros tantos “eus” relacionais que se articulam nas pontes de ideias da arquitetura sociocultural dos shopping centers. Assim, surge um novo folclore derivado do imaginário do consumo, trazendo na ve- locidade, na urgência, no instantâneo, na efemeridade, um pouco de nostalgia – como se a globalização geográfica pudesse efetivar uma globalização temporal, que unisse não apenas todos os territórios em um mesmo espaço, mas todos os tempos da história em um mesmo presente –, a chamada “presenti- ficação do real” divulgada pela comunicação contemporânea. O fluxo incessante, a agitação desordenada, a música non stop dentro desses espaços estão relacionados com medo do va- zio. A fúria consumista nos shopping centers consome não apenas produtos e símbolos; consome a impressão de pertencer a uma es- pécie comum. Bauman (2001, p. 116) destaca que nestes espaços os consumidores buscam “o sentimento reconfortante de pertencer – a impressão de fazer parte de uma comunidade”, uma vez que não se faz necessário negociar dentro de um templo de consumo, pois todos têm a mesma intenção: a sensação da experi- ência de vivenciar uma identidade comum em um espaço que se torna uma extensão de suas casas na reapropriação do cotidiano acelerado diante do fast-world , e não o contrário, como pensam alguns, em que o fast-food acelerou o mundo. Bem-vindo ao seu espaço, civilização shop­ ping center. E ao seu tempo. Tempo de eXtremos , de um consumo que se eXperimenta na hora e se ingere em segundos senão esfria. Ou eX-pira . Tempo eterno enquanto dura, esse da cultura fast-food. ES PM

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