Revista da ESPM

janeiro / fevereiro de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 41 efêmeros novos que, em sua repetição cíclica on-line, se tornam permanentes. Consumimos a mídia e pela mídia, um aprendizado que, so- cialmente, é a cada instante acrescido de novas versões e updates. E assim a mídia também nos consome, enquanto consumimos bens, objetos, informações e com esse repertório passamos a construir nosso próprio mundo, personalizado, num universo de conceitos globalizados – es- colhendo, nessa proposta de planejamento de gostos, os quemais se articulamcomas relações que exteriorizamos na exibição de nossas iden- tidades e fantasias. Delivery de tempo, delivery de entretenimento Pode-se dizer que o berço desta cultura fast-food é o shopping center. Cápsula espacial acondicionada pela estética domercado, segun- do Sarlo (2004), o shopping é um pan-óptico onde se perde a orientação de espaço (pode ser em qualquer lugar do mundo), e de tempo (transitório; dura enquanto durar o seu valor simbólico, focado nos mitos da beleza e da juventude). Por fora, traz a atração magnética de sensações de ofertas coloridas; por dentro, oferece diferenças amansadas, higienizadas, purificadas. Segundo Ferreira Freitas (1996), os shopping centers podem ser considerados os novos templos, catedrais ou assembleias, espaços construídos pelo homem contem- porâneo para se distrair em um imaginário transnacional de consumo que reelabora a convivência e a socialidade do cotidiano, re- territorializando as fronteiras geopolíticas até então conhecidas por uma nova geografia, a } O consumo é um modo ativo de relações (não apenas com objetos, mas com a coletividade e o mundo), um modo sistemático de atividade e uma resposta global sobre a qual se funda nosso sistema cultural. ~ J. B audrillard “geografia das relações” ( Idem , ibidem , p. 53). Podemos considerar, prosse- guindo nesse pensar, que o shop- ping center é um espaço relacional parabólico, que recebe e ressignifica códigos mundiais que, imediatamente e de forma itinerante, são observados, absorvidos, abstraídos, consumidos, transmutados e reenviados paraomun- do – um fluxo incessante de conexões e experimentações. Nesse contexto, é um grande veículo de comunicação que divulga imagens e informações na velocidade ininterrupta e superficial do efêmero – as novidades são veiculadas Novostemplos,catedrais ou assembleias, espa- ços construídos pelo ho- mem contemporâneo, os shopping centers alteram a convivência e a socialidade do coti- diano, reterritorializando as fronteirasgeopolíticas atéentãoconhecidaspor uma nova geografia, a “geografiadas relações”.

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