Revista da ESPM

janeiro / fevereiro de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 21 } Sabemos que as agências, mesmo as mais poderosas, ainda estão muito preocupadas com o onde ganham mais dinheiro. ~ como o definidor da locação. Se um lojista e um empreendedor sentam numa mesa e resolvem fazer um contrato é ele que vale, não importa o que diga a lei. No Brasil não é assim. Aqui existe uma diferença grande entre o empreen- dedor e o lojista. O empreendedor não pode tomar a loja de volta se quiser, mas o lojista pode sair na hora que bementender. É evidente que por contrato ele tem uma multa a pagar, mas o empreendedor nempagandomulta pode mandar o lojista embora. Com isso, surgem as expansões para resolver esse impasse. A única maneira de correr atrás desse mix diferenciado para trazer aquilo que o mercado de hoje pede é ampliar o empreendimento. Essa é a razão básica para tantas expansões e reformas. PASTORE – Interessante esse ponto de que o shopping constantemente se atua­ liza, o que deveria ser um exemplo para outros setores do varejo. Estamos obser­ vando um modelo de hipermercado num momento de crise histórica; na França, na sede do Carrefour que é o criador desse formato, estão investindo milhões contra o tempo, para reinventar o mode­ lo. Você acha que alguns hipermercados brasileiros poderiam virar shopping? LUIZ FERNANDO – Transformar não. Mas sei da intenção do principal supermercadista brasileiro, o Grupo Pão de Açúcar, em abrir um setor de shopping centers. E aí volto ao mercado americano, onde os supermercados têm lojas dentro deles e são considerados shopping centers, mas o negócio principal é o supermercado... GRACIOSO – É o que chamamos de âncora. LUIZ FERNANDO – Exatamente. Nos Es- tados Unidos isso é considerado shopping center, mas aqui ainda não. Se o Pão de Açúcar ou outro grupo um dia investir nesse modelo, dentro dos requisitos que caracteri- zam o empreendimento, é perfeito que seja considerado shopping. PASTORE – Por exemplo, o Extra, da ave­ nida Juscelino Kubitschek, poderia ser transformado em um shopping. LUIZ FERNANDO – Ainda existe muita aco- modação nos supermercados brasileiros, com o Pão de Açúcar sendo comprador; apareceu um supermercado com um pouco de gás, ele vai lá e compra. Ainda não se consolidaram entre eles para dizer que as fatias são essas ou aquelas. PASTORE – O Carrefour, da Marginal Pinheiros, é um ponto maravilhoso para um shopping. LUIZ FERNANDO – Outro dia li uma defini- ção no jornal sobre shopping classe A e classe C, que achei interessante: “Não podemos esquecer que a mulher classe A que vai a um shopping numa loja de luxo, também compra desodorante na Lojas Americanas”. PASTORE – Talvez o shopping pre­ fer isse lotear aquele espaço para boutiques, o que talvez fosse mais rentável. LUIZ FERNANDO – Não se pode abrir mão ainda dos polos de atração que as lojas âncoras representaram. Voltando à questão da compra de oportunidade - que é feita quando alguém vai ao shopping sem L u i z F e r n a n d o P i n t o V e i g a

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx