Revista da ESPM
R E V I S T A D A E S P M – janeiro / fevereiro de 2011 20 } Uma curiosidade interessante indicada em nos- sas pesquisas é que o carioca vai mais a shopping do que o paulista. ~ ENTREVISTA LUIZ FERNANDO – Não émesmo. Estimo que deva existir de quatro a cinco mil estabeleci- mentos nos Estados Unidos com as mesmas características daquilo que chamamos shop- ping centers no Brasil. GRACIOSO – Agora está razoável, é uma economia 10 vezes maior que a nossa. LUIZ FERNANDO – Exatamente. Esta é a minha estimativa. Na realidade, é uma misce- lânea enorme que eles consideram, mas que no Brasil não consideramos como shopping. Por exemplo: na ABRASCE, não aceitamos como associados os chamados “vendidos”, que são os shoppings onde os lojistas são proprietários das lojas. Só aceitamos o shopping locado, onde existe um empreendedor que administra o empreendimento e todas as lojas são locadas. Isso não é um capricho. Ocorre porque entre 300 lojistas tem de haver alguém que organize a festa. Se você deixar por conta de 300 pro- prietários, acaba comprometendo a qualidade do mix de lojas. Se você contrata uma loja para vender calçados femininos, no futuro ela não poderá vender aparelhos eletrônicos. Esse mix é tecnicamente montado para atender a alguns pontos, como a capacidade econômica do consumidor. Você nunca vai colocar em Itaquera uma Tiffany e vice-versa. O mercado primário e as infiltrações nomercado secundá- rio é identificado por longas pesquisas, porque esse é um investimento altíssimo para se fazer apenas baseado no feeling . Hoje, em São Paulo, o investimento em um novo shopping gira em torno de R$ 300 milhões. Em Recife, o Paes Mendonça lançou o que será o maior shopping center brasileiro, com investimento de R$ 600 milhões e o curioso é que esse empreendimen- to faz concorrência direta ao maior shopping atual, do qual o grupo tem 33%. PASTORE – Está fechando a praça lá. LUIZ FERNANDO – Está tomando conta de Recife e Salvador, onde está inaugurando seu segundo shopping, sendo que acabou de fazer uma expansão. Aliás, além da quantidade de shoppings a ser inaugurada nos próximos dois anos, temos também as expansões. O BH Shopping, do Grupo Multiplan, que também é o proprietário do Morumbi Shopping, acabou de inaugurar sua oitava expansão. Nos próxi- mos dois anos, 66% dos shoppings estarão em expansão. Isso é fruto da necessidade absoluta que um empreendimento desses tem de não envelhecer e estar sempre apto a disputar mercado com aquele que chega. PASTORE – E ele certamente observa o crescimento e a mudança de sua área primária... LUIZ FERNANDO – Vê mudar e sabe que precisa ter ummix adequado a ela. Aí entra um segundo problema, que considero ainda mais grave. O Brasil tem uma aberração nessa his- tória: a Lei do Inquilinato, que é uma daquelas coisas que só existem aqui, como a jabuticaba. Há três anos, por conta de um projeto que estávamos patrocinando na Câmara dos De- putados, fiz uma pesquisa internacional sobre legislação em shopping centers. Pesquisei no Canadá, Estados Unidos, Argentina, Chile, Europa, na antiga União Soviética, Polônia, Rússia e até na China. Descobri que apenas dois dos 11 países pesquisados têm uma lei específica para locação em shopping center. Ainda assim, essas leis consagram o contrato
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