Revista da ESPM

R E V I S T A D A E S P M – janeiro / fevereiro de 2011 18 } O Brasil tem uma aberração nessa história: a Lei do Inquilinato, que é uma daquelas coisas que só existem aqui, como a jabuticaba. ~ ENTREVISTA LUIZ FERNANDO – Sim, mas já começa a entrar na classe “emergente”. Outro dado interessante: quando há uma inauguração, geralmente os jornalistas me perguntam se a quantidade de shoppings não está esgotada, se há público para tudo isso e aonde vamos arran- jar lojas. Com relação ao lojista, historicamente, há quatro anos tínhamos uma vacância de lojas desocupadas que oscilava entre 5% e 6%. Esse crescimento vertiginoso deveria fazer com que essa vacância aumentasse por conta da maior oferta de espaço. Há dois anos estamos na faixa de 2% de vacância – praticamente zero – isso é o que chamamos de “vacância técnica”. GRACIOSO – Apenas o intervalo entre o que sai e o que chega. LUIZ FERNANDO – Costumo dizer que shop­ ping center sem loja é um prédio, não existe. Há uma perfeita sinergia entre nós e o lojista. Se ele está conosco, crescemos juntos. Quando vai parar esse crescimento? No dia em que o Brasil parar de crescer. Nós, empreendedores agressivos, atentos e criativos, estamos sempre surfando na crista dessa onda. Se o crescimen- to é X, temos sempre X e mais alguma coisa. GRACIOSO – Os grandes grupos que dominam o mercado imaginam que o maior crescimento está na periferia das grandes cidades ou nas cidades médias do interior? LUIZ FERNANDO – Isso é muito curioso. Os shoppings estão se espalhando pelo País. O Brasil tem 27 capitais e 5.500 cidades, então no médio prazo vão existir muito mais shop­ pings no interior do que nas capitais. Em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, o problema passou a ser o custo do investimento, porque os terrenos são caros e o investimento é elevado. Por outro lado, o retorno também é maior. Shopping em cidade grande é, como se diz na gíria, “coisa para ca- chorro grande”. No interior as coisas saemmais em conta, porque os terrenos são mais baratos. Outro ponto interessante é a qualidade dos shoppings, principalmente no que diz respeito à arquitetura. Hoje, a classe social que está entrando no mercado de consumo não aceita o rótulo de que o shopping X é para a classe C. Se você fizer um negócio mais barato, com um mix de lojas mais em conta não funciona. Se não caprichar na apresentação estética, pode contar que não será bem-sucedido. Ninguém quer um shopping só para si, porque está sem- pre mirando o próprio crescimento. GRACIOSO – Talvez porque mesmo o público de classe mais baixa procure o shopping para “ subir ”, pelo menos na sua concepção. LUIZ FERNANDO – Exatamente. Essa é a intenção de todos nós. As pessoas dessa classe frequentam o mesmo lugar da classe média alta, mas compram um par de tênis que dura um ano, enquanto o consumidor da classe B faz a compra para durar três meses, porque logo estará comprando um novo. PASTORE – Em janeiro deste ano, no Con­ gresso de Varejo, em Nova York, visita­ mos a sede do ICSC. Lá, fomos recebidos pelo presidente Michael Kercheval, que fez uma declaração surpreendente. Ele disse que fez uma pesquisa para ajudar a direcionar investimentos – já que nos Es­ tados Unidos não devem ocorrer investi­ mentos nos próximos anos e que em 2009 novos shoppings só foram inaugurados

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