Revista da ESPM

R E V I S T A D A E S P M – janeiro / fevereiro de 2011 16 } Apenas 39% dos frequentadores vão somente para comprar – isso não quer dizer que os outros 61% não comprem, mas que a f inalidade da ida ao shopping não é somente a compra. ~ ENTREVISTA GRACIOSO – Nesta edição vamos falar de assuntos que têm algo a ver com o passado, lembra também a velha propa­ ganda, mas é um mundo maravilhoso: “Shopping Center: sonho de consumo ou catarse coletiva”. É difícil dizer com clareza o que é o shopping. LUIZ FERNANDO – Prefiro a segunda al- ternativa. GRACIOSO – Está no imaginário coletivo brasileiro. É um lugar encantado, onde coisas encantadas acontecem. Só que, no lugar da varinha de condão, está o cartão de crédito. LUIZ FERNANDO – Com todo o charme e a capacidade que o shopping tem de atração, conta ele com um fator, que muito o ajuda: a agressividade que há na rua, que se tor- nou um lugar inseguro, onde as pessoas têm dificuldade de locomoção, trânsito e estacionamento, sem mencionar a falta de segurança. O shopping atendeu de maneira inteligente a tudo isso e foi ganhando cada vez mais frequentadores. Hoje, eu não trato quem frequenta shopping de consumidor e sim de frequentador. Existem pessoas que vão ao shopping para se divertir, comer, ver vitrines, se informar... Por pesquisas, apenas 39% dos frequentadores vão somente para comprar – isso não quer dizer que os outros 61%não comprem, mas que a finalidade da ida ao shopping não é somente a compra. GRACIOSO – Esse mix – 39% contra 61% – foi sempre assim? LUIZ FERNANDO – Não. Durante muito tempo, o shopping foi considerado “a catedral do consumo”. Num determinado momento, passamos a ter o lazer em shopping center por meio de um empreendedor brasileiro, que foi muito criticado pelos outros ao levar diversão para um lugar concebido exclusivamente para a venda. Hoje, a velha história da Loja Ânco- ra – como pólo de atração de público – não é levada tão a rigor. As âncoras de um shopping center passaram a ser as oito ou dez salas de cinema e as praças de alimentação. Esse espaço será cada vez mais o ponto de convivência das pessoas nas grandes cidades e até nas médias. PASTORE – Mas esse consumidor não deixa de consumir. Estando no shopping, embora não compre uma camisa ou um eletrônico, ele está consumindo... LUIZ FERNANDO – Aquele que não vai para comprar, naquele ambiente de descontração fica muito propício à compra. Otimismo e leve- za levam as pessoas às compras. Aqueles 61% que vão ao shopping com outras finalidades, na verdade, sempre compram algo. Acabamos de realizar uma pesquisa sobre a influência da criança na compra. Se você for com criança ao shopping, não há a menor possibilidade de sair de mãos vazias. O consumidor não só demora mais no shopping, como compra também aquilo que não tinha planejado. PASTORE – Essa é a arte do varejo: gerar venda por impulso. GRACIOSO – Qual a importância do shop­ ping no varejo brasileiro? LUIZ FERNANDO – Hoje, no Brasil, temos 399 shoppings em operação e até o final de 2010, mais sete serão inaugurados. Então, terminaremos o ano com 416 estabelecimen-

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx