Revista da ESPM - SETEMBRO_OUTUBRO-2010

R E V I S T A D A E S P M – setembro / outubro de 2010 60 jornais americano”: o USA Today. Era o primeiro jornal de qualidade de al- cance nacional, feito inteiramente com cores, voltado a pessoas com pouco tempo para a leitura, comuma divisão clara de assuntos por cadernos que acabou copiada por jornais do mundo todo, com gráficos e infográficos ex- plicativos – um jeito novo, enfim, de entregar notícias ao leitor. Por anos, até perder o posto em 2009 para The Wall Street Journal , foi o jornal de maior circulação nos Estados Unidos. No mês passado, a “última grande ideia” anunciou a mudança mais radical em seus 28 anos de existên- cia, diante do colapso de sua receita publicitária e da queda abrupta de circulação. Cortou 10% de sua força de trabalho e mudou seu modelo de negócios, focado na edição impressa, onipresente em aeroportos, hotéis e bancas de jornal de todo o país. Toda a atenção, a partir de agora, se voltará para as edições digitais. O site será alimentado por notícias que aparecerão, no máximo, 30 minutos depois dos fatos. E a empresa vai se reposicionar para atender aos leitores que querem receber informações em plataformas móveis, como o iPad, da Apple, e smartphones. “Eu não os culpo por mexer no modelo; todo mundo está tentando fazer isso”, disse Craig Huber, analis- ta da empresa de pesquisas Access 342, ao The New York Times . “Eles têm de se reestruturar. Não têm escolha nessa rápida evolução da paisagem da mídia.” O desafio enfrentado pelo USA Today está diante de qualquer executivo de empresas de comunicação. O modelo tradicional da indústria da informação, com poucos parti- cipantes e vasta tradição, está ameaçado. A circulação dos jornais vem caindo nos países desenvolvidos, especialmente nos Estados Unidos. O dinheiro da publicidade também está mudando de mãos. Na transição para as mídias digitais, simples- mente não existe uma operação financeira capaz de cobrir os custos de buscar, reportar, editar e entregar notícias em tempo real. O leitor típico de Internet acostumou-se a não pagar pelo que lê, um modelo mais parecido com a televisão aberta do que com a imprensa. É como se as grandes empresas de comunica- ção estivessem num ponto em que o passado desmorona e o futuro é um abismo escuro, cheio de oportunidades e riscos, no qual nin- guém é capaz de cravar se terá sucesso ou vai se esborrachar. A fé no nirvana digital pode significar um longo e árduo caminho até a redenção (caso ela venha), para as empresas tradicionais. Uma pesquisa sobre a economia do mundo online revelou que 79% dos americanos que consomem jornalismo na Internet raramente clicam num banner. E apenas um em três americanos classifica sites de notícias como destino favorito. Ao longo desse ano, notícias de fechamento de jornais locais, como ocorreu em Seattle, nos Estados Unidos, a transformação do tra- dicionalíssimo The Christian Science Monitor em edição digital e as tentativas do magnata Rupert Murdoch de fechar o acesso gratuito ao The Times londrino e cobrar assinatura pelo conteúdo ocuparam as pautas das redações. As grandes revistas semanais de informação americanas vivem tempos estranhos. Amenor delas, a US News &World Report, simplesmen- te deixou de ser semanal. A Newsweek , que pertencia ao grupo do The Washington Post , passou boa parte deste ano em busca de um © USA TODAY

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