Revista da ESPM - SETEMBRO_OUTUBRO-2010

P mgeral, não é emartigos assinados, nos veículos de comunicação demassa – como uma revista – que se expõem questões privadas; mas esta oportunidade, que a vida me proporcionou – de estar na direção da ESPM quandoela ingressaoficialmentenosetor doensinode jorna- lismo – é tão especial que justifica a digressão afetiva. Tornei-mejornalistapordecisãoprópria,aos10anos.Escrevia e desenhava um jornalzinho, com o pretensioso título de O MUNDO,quecirculavaentreosfamiliaresecolegasdaescola. Aos 14, era editor, repórter e colunista dometeóricoOESTU- DANTE, que circulou, emPetrópolis, entre 1955 e 1957. Não me tornei jornalista a tempo integral, embora tenha sempre atuadocomoarticulistaecolaborador.Masadorolereescrever e curto o aroma erótico dos papéis emque são impressos jor- naiselivros.Entretanto,jáexterneiminhaopinião(numlivro: O futuro do livro – Ipsis Editora, 2007), de que eles podem, um dia, desaparecer, assim como a própria escrita. Nada garante que a escrita – uma forma prática, embora rudimentar, de comunicação gráfica, desenvolvida na Me- sopotâmia há 5milênios – seja eterna. Não sou eu, apenas, a dizê-lo,mastambém–commelhorescredenciais–oprofessor DerrikdeKerckhove,discípulodeMcLuhan,noseulivro Apele da cultura . Segundo ele, a palavra é eterna, porque estrutura o pensamento, mas não necessariamente, a escrita. Talvez a evolução dos estudos neurocerebrais venha, um dia, a abrir a cortina de não-saber que ainda encobre os princípios da comunicação telepática. Claroque,seV.chegouaestaúltimapágina,jápassoupormui- ta informação e depoimentos competentes sobre o presente e o futurodaprofissãode jornalista –que, claramente, também está precisando de uma redefinição dinâmica. J. ROBERTO WHITAKER PENTEADO PONTO DE VISTA As redes digitais diminuírampara quase zero as dificuldades de encontrar – e registrar – qualquer fato ou objeto, em todos os pontos do planeta. Só que, enquanto explodem os meios para percorrer omundo a distância, há cada vezmais pessoas adquirindoummínimodedignidadeeconômicaparaingres- sar na sociedade que consome bens e serviços – nos quais se incluema informação e o conhecimento. Neste sentido, há algo que esta Escola aprendeu fazendo – durante várias décadas – e ensinou a muitos milhares de profissionais, atuando no setor de publicidade e marketing, que pode ser útil a esta análise: é a visão demercado. O que é esse mercado de informação e conhecimento? São cada vez mais pessoas querendo ser objetivamente bem- informadas,mas tambémentretidas, nosmomentos de lazer, querendo ler bons textos por quem tenha os talentos de bem pensar e bem escrever. E isso não se aplica apenas ao que aconteceagoraouaconteceunasemanapassada,masengloba todaahistóriadahumanidade–emurgentenecessidadedeser reexplicada às gerações atuais e futuras – e ainda às tentativas de interpretações do futuro, pormais difíceis que possamser, mas que se transformaramemnecessidade estratégica. E ummercado consumidor crescente significa mais mercado de trabalho pela frente. Tanto para os criadores desses mara- vilhosos conteúdos, emsuportes ainda nemsequer pensados, como para os empreendedores e gestores das pequenas, médias e grandes empresas, que crescerãoeprosperarãonum ambiente cada vez mais receptivo aos benefícios da informa- ção e do conhecimento de qualidade. É como vejo o papel do Jornalismo, no futuro. J. Roberto Whitaker Penteado Diretor-presidente da ESPM E ES PM Jornalismo: profissão eterna } Não há prof issão mais bela que a de jornalista. ~ Léon Daudet (1867-1942)

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