Revista da ESPM - MAR-ABR_2008
15 MARÇO / ABRIL DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M vidido empercentuais de atuação para o público final, para o trade turístico e para a imprensa. E o plano também define o que é mais relevante para ser falado a respeito do Brasil naquele país. Se estou no Japão, falo sobre Foz do Iguaçu ou sobre a Amazônia. Porque é um turista que não está inte- ressado em ir a praias do Nordeste. CLÁUDIA – Como vocês fazem para ter essas certezas? JEANINE – Temos pesquisas perma- nentes. Quatro vezes por ano a FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) faz pesquisas a respeito da demanda internacional. Uma delas identifica de onde vem o turista, sua idade, seu perfil, sua renda, onde foi, motivo da viagem, quanto gastou, quantos dias ficou, o que gostou, o que não gostou. Essa pesquisa é feita nos moldes da Organização Mundial do Turismo e serve para que os países possam fazer uma estatística com- parada. Mas nós temos uma pesquisa qualitativa, feita de dois em dois anos – foi feita em 2004, 2006 e será feita em2008 –, que aprofunda a estratégia do Plano Aquarela. Ela identifica, por exemplo, o que mais as pessoas gos- tamno Brasil, que cores, que palavras, que impressões ficam. Ela busca captar aquilo que para nós é fundamental, que é o turismo como experiência, como sensação, como emoção e so- nho – mais do que produto e serviço. Porque o turismo é extremamente subjetivo e experimental. É básico ter umbom aeroporto, boas estradas, um bom hotel, bom serviço, boa comida. É feijão com arroz. Praia bonita, todo mundo tem. Hotel bom, todo mundo tem. Restaurante bom, todo mundo tem. Temos de promover o Brasil por aquilo que nos diferencia. CLÁUDIA – E, na sua visão, o que é que nos diferencia? JEANINE – Só nós temos a Floresta Amazônica, a Foz do Iguaçu, o Car- naval do Rio, o Carnaval de Salvador, o Pantanal, a Ilha de Fernando de Noronha. Então temos de encontrar, na promoção do Brasil, a mani- festação de que tipo de experiência, de emoção e de sensação aquele visitante pode ter. É uma mistura de produto com imagem. CLÁUDIA – Você tem algum caso interessante para contar? JEANINE – Dois países que estão entre os três principais emissores de turistas: Argentina, EUA e Portugal. Como EUA é um pacote à parte do ponto de vista do tamanho e rende um fluxo principalmente para negócios e eventos, os casos de Argentina e Portugal são emblemáticos. São países comos quais temos uma proximidade histórica, cultural e mesmo de idioma – no caso de Portugal. Se por um lado há essas facilidades, por outro nosso grande desafio vem sendo diversificar a oferta para não diminuir o número de visitantes vindos desses países. Se imaginarmos que 1 milhão de ar- gentinos vem para cá anualmente, e que 1,5 milhão de argentinos viajam para o exterior anualmente, ou que temos 300 mil portugueses visitando o Brasil e que, depois da Espanha, da Alemanha e dos países próximos da Europa, nós somos o seu primeiro destino, o que temos diante de nós é um grande desafio. A diversificação para nós, nesses países, tem sido fun- damental. A contínua promoção do turismo nesses países permite que não percamos esses turistas para a concor- rência. Porque são muitas as variáveis que afetam as opções desses turistas. Temos muito foco para não perder o share de que dispomos. CLÁUDIA – Você destacaria um aspecto em particular, que atrai o turista ao Brasil? JEANINE – A motivação da viagem do turista é diferente da sua opinião sobre o país. A principal motivação de vinda aoBrasil sãoos recursos naturais, sobre- tudo o sol e a praia. Aliás, metade das viagensnomundosãosol epraia.Oque diferenciacadaumadelaséodesejopor uma experiência diferente, por experi- mentarumagastronomia, aprender algo sobre uma cultura, a curiosidade sobre a comunidade. Nós ampliamos muito a motivação para negócios e eventos – issosemdúvida foimudadopelanossa intervenção, pois tivemos uma política. Mas o que mais encanta o turista? Sem dúvida é o povo brasileiro. Não é só a hospitalidade. Mas o que torna o Brasil uma espécie de “moda” lá fora é o es- tilo do povo brasileiro, o jeito de ser do brasileiro,suamaneiradeencararavida, como ele vive, sua alegria de ser, sua felicidade. É umgrande valor agregado. Umacoisa interessantíssimaéafideliza- ção do turista. A quantidade de pessoas que entrevistamos que já vieram antes é enorme. Noventa e oito por cento das pessoasdizemquequeremvoltar e indi- cariam o Brasil para amigos e parentes. A satisfação dos turistas estrangeiros no Brasil é altíssima. A possibilidade de as pessoas voltarem é grande, porque nosso país é um continente imenso, que nem mesmo nós, que moramos aqui, conhecemos na sua totalidade. A possibilidade de se recriar o produto Brasil, a marca Brasil, como destino turístico,mesmoempaísesondeoBrasil já é forte, é muito grande. E essa é uma grande vantagem competitiva. ES PM Jeanine Pires
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