Sustentabilidade_Janeiro_2010 - page 182

Ponto de VISTA
R E V I S T A D A E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2009
182
¸
ES
PM
a
FERNANDOALMEIDA
Divulgação
Alémdos bons
exemplos
o processo de produção
demeu terceiro livro –
Experi-
ências empresariais em sus-
tentabilidade – avanços, di-
ficuldades e motivações de gestores e
empresas
−, duas questões fundamen-
tais vieram à tona e servem de fonte
de reflexão num momento decisivo
para a Humanidade.
A primeira refere-se à criatividade
dos gestores brasileiros em propor e
executar ideias na complexa missão
de implantar uma nova cultura em
suas empresas. Ou seja, garantir a
eficiência da atividade econômica e,
ao mesmo tempo, atender as deman-
das ambientais e sociais. A segunda
questão deve ser respondida com uma
pergunta: por que os esforços das
empresas líderes não ganham escala a
ponto de contaminar todo omercado
e, assim, romper com omodelo tradi-
cional de negócios ainda prevalente?
Por estar inserida em todas as ativi-
dades humanas e em suas interações
com o meio em que vivemos, a sus-
tentabilidade não dá limites a seus
protagonistas. Na atividade empre-
sarial, essa constatação é percebida
no dia a dia. Os desafios, os dilemas
e as soluções vão surgindo de forma
variada, dependendo do segmento de
cada corporação, dos locais onde as
unidades estão instaladas, dos impac-
tos positivos e negativos que possam
produzir etc.
Foi possível perceber como a ne-
cessidade de inovação é capaz de
vencer desafios ambientais e sociais
e de ampliar o espaço da empresa
no mercado nesse novo cenário. Um
exemplo relatadono casoda3M ébem
emblemático. O químico da empresa
JoãoRobertoTalamoni se inspirou nas
fraldas descartáveis de bebê para criar
um produto para suprimir a poeira ge-
rada pelo setor de mineração. A ideia
deu origem à família de produtos LSP
(Líquidos Supressores de Poeira).
Mudanças de atitude também são
necessárias, mesmo que resultem
em perdas de ativos no curto prazo.
Uma gerente do Banco Real se viu
obrigada a suspender as operações
de crédito para o cliente que mais
movimentava dinheiro na agência
quando descobriram que a extração
de madeira ilegal fazia parte do ne-
gócio do correntista vip.
APetrobras, gigantebrasileiraque atua
numa áreade alto risco ambiental, nar-
ra o quemudou na empresa depois do
trágico acidente ocorrido na Baía de
Guanabara em janeiro de 2000, quan-
do 1,3milhão de litros de óleo vazou
pelas águas do cartão postal do Rio
de Janeiro. Aquele acidente provocou
uma verdadeira revolução interna na
nossamaior empresa.Aprender comos
erros também faz parte do receituário
quase infinito da sustentabilidade.
No campo do consumo sustentável,
vale citar a iniciativa do grupo Carre-
four, que instituiu o seloGO (Garantia
deOrigem). Éuma iniciativade susten-
tabilidade em cadeia, pois fortalece o
relacionamento com fornecedores,
leva produtos mais saudáveis para a
mesa dos consumidores, cuida para
que as condições do campo sejam as
melhores possíveis e traz bons resul-
tados para a empresa.
Os exemplos acima − parte de muitos
outros contidos nas narrativas de 14
grandes grupos selecionados para fazer
parte do livro − são ensinamentos pre-
ciosos para operadores, mas, por si só,
não bastam. As experiências positivas
necessitam de outras forças indutoras
para que as mudanças ganhem escala
e atendam ao senso de urgência.
Decidi, por isso, dedicar um capítulo
especial para abordar a transição da
economia tradicional, predadora e
excludente, para a economia verde,
defendendo a tese da imprescindível
inserção de novos atores no processo,
em especial o setor governamental.
A reversão da curva do aquecimento
global – incluindo aí políticas de adap-
tação −, o uso sustentável da água, a
manutenção dos ativos ambientais, a
inclusão, no mercado, de dois terços
da população mundial estão entre os
nossos maiores desafios que só serão
superados por meio de um estruturado
entendimento entre todos.
FERNANDOALMEIDA
PresidenteExecutivodoConselhoEmpresarialBrasileiroparaoDesenvolvimentoSustentável (CEBDS)
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Mudanças de atitude também sãonecessárias,mesmo
que resultem emperdas de ativos no curtoprazo.
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