RESPM JUL_AGO_SET 2017

julho/agosto/setembrode 2017| RevistadaESPM 81 shutterstock liberais no sentido da preocupação coma repartição dos benefíciosdaglobalização. Nonível internacional, resiste- se a reformas, como a da governança do FMI, ou parte-se para o ataque aos organismosmultilaterais ou ao esforço de matizar suas disciplinas, diante da percepção de que as regras do regime já não lhes são tão benéficas. Dooutro lado, as economias emergentes, apesar de crí- ticas dos regimes atuais, na medida emque não os cons- truíram, no fundo se percebemcomo beneficiárias deles. Com a participação no produto global em crescimento, buscammanter as fórmulas vencedoras, mesmo quando as tensões geradas as ameaçam. Desejam participar da construção das novas regras, mas hesitam em assumir os custos da participação na liderança. Apesar de tudo isso, não se assiste a um desmantela- mentodos graus de integraçãoglobal alcançados. Embora alguns acordos deproteçãode investimentos, instrumen- tos dos mais controversos dos regimes atuais, estejam sendo denunciados, os acordos de livre comércio conti- nuamvigentes enovos acordos seguemsendonegociados e ratificados. O comércio global tem crescido menos, e até mesmo diminuído em valor nos últimos dois anos, não retrocede. Os fluxos de investimento direto se recu- perame seguememníveis elevados. As finanças globais retomamsuas conexões emnovas bases e, à parte proble- masmais ligados às exigências do combate à lavagemde dinheiro e financiamento do terrorismo, não se assiste a uma fragmentaçãodossistemasfinanceiros.Omundonão se repartiu emblocos econômicos estanques, nema crise financeira global levou a qualquer tipode zonas cambiais e de pagamento, ao estilo da década de 1930. Parecemais bemhaver-se alcançadoumlimite relativo, temporárioou não, ao avançopara formasmais intrusivas de desregula- mentação e liberalização epara espaços geográficosmais amplosdeharmonização regulatória. Aomenos enquanto se absorvem as transformações da emergência asiática, será difícil definir as novas configurações. Cadê a globalização que estava aqui? Continua aqui! Embaixador Carlos Márcio Cozendey* Subsecretário-geral de assuntos econômicos e financeiros do Ministério das Relações Exteriores Acordosde livrecomérciogeramefeitodominó, jáquea competiçãopelaposiçãonascadeiasexigequeospaíses neutralizemapreferênciageradapor umacordo *As opinões expressas neste artigo não representam necessariamente a posição doMinistério das Relações Exteriores

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