RESPM JUL_AGO_SET 2017
Trajetória Revista da ESPM | julho/agosto/setembrode 2017 78 escala. Comisso, os investimentos produtivos embusca de custos menores para etapas da produção ganharam espaço em relação aos investimentos embusca demer- cados. Na Ásia, a valorização do iene japonês, emdecor- rência do Acordo Plaza, estimulou o investimento japo- nês empaíses da região, criando cadeias produtivas num modelo de integração de etapas para destinação do pro- duto final aos grandesmercados dos países desenvolvi- dos. Amesma lógica logo alcançou as empresas america- nas e europeias. Ao longo dos anos 1990, se consolidam o modelo asiático de industrialização e o offshoring da produção manufatureira. Os diversos elementos estavam no seu lugar e, com base nesse regime, os circuitos de comércio, investi- mentodireto efluxosfinanceiros se expandiram. Daí até a crise financeira de origemnorte-americana de 2008, a globalização avançou e adquiriu suas cartas de nobreza. Politicamente,oprojetopró-globalizaçãonuncafoicon- sensual nem isento de controvérsias. Basta lembrar dos protestosnaConferênciaMinisterial deSeattle, em1999, ou em uma ou outra reunião de cúpula do G7/G8 nesse período. Mas os movimentos de contestação não obtive- rampenetração socialmais ampla e aos poucos a globali- zaçãoadquiriustatusde inevitabilidade, cabendomelhor aproveitarasoportunidadesemitigarosefeitosnegativos. Masonovo regimegeroudinâmicasdeevoluçãomuito rápidas que, já na metade da década de 2000, anuncia- vamdesafios ao seu funcionamento e evolução futura. No campo comercial, nenhuma transformação foi tão espetacular quanto a emergência da China como grande potênciacomercial.Omovimentodeascensão,iniciadonos anos1990,seacelerounadécadaseguinte,tornandoaChina omaiorexportadormundialdesde2009.Paraessepercurso, aChinabeneficiou-semagistralmentedasgarantiaseregras dosistemamultilateraldecomércioapartirdesuaentrada naOMCem2001,namesmareuniãoemqueselançava,em Doha,umanovarodadadenegociações.Aascensãocomer- cialdaChinatransformouascadeiasdeproduçãoregionais naÁsia, construídas a partir do investimento japonês, tor- nando-asmaiscomplexasemultifacetadas. A expansão da composição daOMC trouxe dificulda- des aos seus processos decisórios, amplamente basea- dos em arranjos informais e seletivos, que atuam por trás da obrigação formal da obtenção de consenso. Con- forme os países do antigo bloco socialista e os países em desenvolvimento adaptavamsuas políticas comerciais às regras da OMC e solicitavamacessão à Organização, obter novos acordos foi ficando mais difícil. Em todo o processo de lançamento e condução da nova rodada de negociações, a Rodada Doha, novas dinâmicas decisó- rias foram-se formando. Países comoBrasil, Índia e,mais tarde, China passarama ter umpesomaior nas discus- sões e a fazer parte do núcleo decisório das negociações com a União Europeia e os Estados Unidos. Em 2008, o impasse que paralisou as negociações, já entãomais do que atrasadas pelo cronograma original, expôs as difi- culdades instaladas por uma transição de regime. Por um lado, os países desenvolvidos, liderados por União Europeia e Estados Unidos, aceitavamque a nova reali- dade exigia que países como Brasil, China e Índia par- ticipassem das decisões de conformação do sistema. Exigiam, porém, compromissos em termos de abertura demercados e adesão às regras que entendiamcompatí- veis comos países centrais do sistema. Por outro lado, os Osanos2000assistiramaumaexplosãodeacordosde livre comércio. Emborapaíses latino-americanos tenhamestado ativosnessemovimento, o foco foi aÁsia
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