RESPM JUL_AGO_SET 2017
Posicionamento Revista da ESPM | julho/agosto/setembrode 2017 64 de geração de energia de alta tecnologia; novosmateriais; e biofármacos. Ao analisar esses setores, percebe-se que o empe- nho da China atual é o de modificar o seu paradigma de desenvolvimento, estimulando a prospecção das áreas de maior futuro, para as quais ela ainda não está sufi- cientemente preparada. Pois, embora dinâmicos, seus esforços ainda não atingiramumestágio suficiente que possibilite a substituição dosmotores atuais de sua eco- nomia. Daí o plano “China 2025”. Aoqueparece,aRepúblicaPopularestáencontrandooseu caminho. Istonãosurpreendeaosqueviverampor aquelas bandas e sabem que a cabeça confucionista dos chineses não trabalhano curtoprazo. AChina “pós-maoísta” pensa opaísnumarcocentenário, ouatémaisamplo: paraela, os percalços episódicos da sua história não são senão... per- calços. Hoje, o ChinaDream deXi Jinpingéabússolaparao resgate do “séculode humilhações” e omapa do “Império” que ela acredita, cada vezmais, ser a sua vocação. Aliás, é isso que ela vem fazendo há algum tempo: tor- nou-se a principal acionista de várias indústrias interna- cionais de alta tecnologia, como a suecaVolvo e a italiana Pirelli. Dessa forma, ela não somente se beneficia do bom conceito dessas companhias no mercado internacional, senão também temacesso às tecnologias por elas desen- volvidas. Exemplo: aChemChina, que comprou a Pirelli, é umconglomerado estatal chinês que fabrica pneus. Não é senão por esta razão que o presidente Xi foi um defensor veemente da globalização no Fórum Mundial de Davos deste ano (em contraleitura ao protecionismo alardeadopelos norte-americanos). Ou seja, a China sabe que ela só tem a ganhar com a irreversibilidade do pro- cesso de internacionalização das economias, e já tem atuadode formaagressivanesse sentido, tantoemtermos de investimentos diretos quanto de fundos soberanos, por todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos (neste último caso, para se resguardar do desequilíbrio da balança comercial bilateral a seu favor). Sua história reescreve, ao inverso, o que ocorreu em 1793, quando o rei George III, da Inglaterra, enviou Lord Macartney como emissário à corte Qing, em Pequim, para propor ao imperador Qianlong a abertura dos por- tos chineses ao comércio com seu país e, em resposta, recebeuuma carta cuja leitura ainda hoje causa... espécie: “You, OKing, live beyond the confines of many seas, nevertheless, impelled by your humble desire to partake of the benefits of our civilisation, you have dispatched a mission respectfully bearing your memorial... I have expounded my wishes in detail and have commanded your tribute Envoys to leave in peace on their homeward journey...Yesterday your Ambassador petitioned my Ministers to memorialise me regarding your trade with China, but his proposal is not consistent with our dynastic usage and cannot be entertained.... our Celestial Empire possesses all things in prolific abundance and lacks no product within its own borders. There was therefore no need to import the manufactures of outside barbarians in exchange for our own produce...” O impulso “internacionalista” de Xi Jinping já o havia levado a oferecer Hangzhou, no sul da China, para sediar a reunião doG-20, emsetembro do ano passado. Foi o pri- meiro encontro do grupo naChina e o segundo emtoda a Ásia (Seul fora o único outro local do encontro, em2010). Lá, ele fez umdiscurso enfático a favor da globalização e reafirmou o compromisso de seu governo coma COP 21 — Conferência do Clima, que foi realizada emdezembro de 2015 e deu origem ao Acordo de Paris (compromisso confirmado pelos chineses na reunião de novembro de 2016) e coma OrganizaçãoMundial do Comércio (OMC). A cúpula de Pequim Paraalavancaraindamaisseusesforçosnosentidodeexpan- dirseuraiodeaçãonocenáriointernacional,XiJinpinghos- pedouemmaiodesteanomaisde60líderesmundiais,entre chefesdeEstadoedegoverno, eoutrasaltasautoridades. O propósito do encontro estava consubstanciado no projeto de inspiração do próprio Xi, intitulado “Vision and Actions on Jointly Building Silk Road Economic Belt and 21st-centuryMaritime” , que temcomometa restabelecer as chamadas “Rotas daSeda” —caminhos que interligarama Oplano Made inChina 2025 repete um modeloutilizadona segundametade do século 20, quandoprodutos eletrônicos japoneses “invadiram” oOcidente
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