RESPM MAI_JUN 2016

maio/junhode 2016| RevistadaESPM 99 Vamossairdestacrise melhordoqueentramos Por Arnaldo Comin Foto: Ricardo Jayme A grave crise de corrupção a envolver figuras do governo e de empresas no Brasil representa uma grande oportunidade para o aperfeiçoamento institu- cional e a adoção de melhores práticas no campo da ética, tanto no meio pú- blico quanto na iniciativa privada. Esta é a crença da nova secretária execu- tiva do Pacto Global das Nações Unidas no Brasil, Beatriz Martins Carneiro. Advogada com passagens pelos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) e do Meio Ambiente e organizações como WWF e o Programa da ONU para o Desenvolvimento (Pnud), Beatriz assumiu o cargo em abril com a missão de difundir os dez princípios que compõem o Pacto Global. Iniciativa do ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, o organismo aborda temas que vão dos direitos humanos a relações do tra- balho, sustentabilidade e, especificamente no item 10, o combate à corrupção. O foco do Pacto Global é o meio corporativo e já atraiu mais de 400 companhias signatá- rias no país. Entre elas, algumas que figuraram recentemente em escândalos de corrupção e desastres ambientais, como BTG Pactual, Siemens, Engevix, Petrobras e Samarco. Sem citar nomes, Beatriz destaca que as empresas citadas são procuradas pelo PactoGlobal, que questiona procedimentos, acompanhamudanças e avalia se estão empenhadas emcorrigir suas práticas de maneira ética e sustentável. Até o momento, diz ela, a recepção dos gesto- res das companhias foi positiva e não houve nenhuma recomendação de exclusão, como está previsto no estatuto do organismo. “Nossa funçãonãoé julgar asempresas,masajudá-lasasuperar essasituação.”OPactoGlo- bal faz isso a partir da troca de informações, treinamentos, seminários e muita produção de conteúdo para prover as companhias de material para corrigir procedimentos e estabelecer modelos de compliance. Beatriz é otimista e acredita que a crise institucional pela qual passa oBrasil pode promover umsaltode qualidadenas organizações eno combate à corrupção. A boa notícia é quemetade das signatárias privadas do Pacto Global no país é formada por pequenas e médias empresas, interessadas em estabelecer boas políticas de compliance e gestão sustentável. “As pessoas achamque o compliance é caro, mas na verdade ele é umóti- mo instrumento para reduzir o retrabalho e melhorar a produtividade em empresas de qual- quer tamanho. Oque as pequenas emédias não têm,muitas vezes, é acesso à informação.”

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