RESPM MAI_JUN 2016
maio/junhode 2016| RevistadaESPM 85 dentro da empresa e implementamde uma forma muito séria. Nos Estados Unidos já se fala em compliance há muito tempo e nem se discute mais essa questão. Na minha experiência com a IBM, todo advogado é obrigado a saber sobre compliance e a propagar essa cultura. É uma realidade bem diferente das empresas europeias e brasileiras. Por isso, eu acredito que precisamos fazer um trabalho para desmistificar o compliance. Revista da ESPM — A senhora desta- cou como as leis anticorrupção estão bem avançadas na Europa. A nossa le- gislação sobre o assunto é bem recente, de 2013. Que soluções de outros países nós poderíamos dispor para aperfeiçoar os mecanismos legais que temos hoje? Roberta — Hoje, o Brasil precisa menos de legislação e mais de ope- racionalização. Quando você trans- forma a CGU [Controladoria Geral da União] em Ministério da Trans- parência, quando você regulamenta os acordos de leniência, os passos institucionais já estão sendo dados. Agora o desafio é fazer valer a le- gislação que temos e que melhorou muito. Acredito que tudo que o bra- sileiro não precisa é de mais legis- lação [risos]. A minha opinião pes- soal é a de que a lei precisa ser posta realmente em prática em todas as situações em que ela se aplica. Revista da ESPM — Sustentabilidade sempre esteve no DNA da Natura. Como o compliance se encaixa dentro desses princípios na companhia? Roberta — Ele se encaixa perfeita- mente porque, quando falamos em sustentabilidade, isso significa criar relações sustentáveis também. O compliance não deve entrar como um xerife, apontando o dedo para o que pode e o que não pode, mas pegando carona nessa ideia de relações. Nossa comunicação interna que será lança- da no meio do ano toca nesse ponto: o compliance veio para ajudar as pesso- as. Como ele pode contribuir e tornar mais clara a comunicação de regras e valores da empresa, criando, assim, relaçõesmais sustentáveis. Revista da ESPM — Está mais difícil ser sustentável nesse cenário econômico? Roberta — Como a Natura adotou o novo posicionamento “Beleza, Prazer e Sustentabilidade”, todos os projetos, sejam eles jurídicos, financeiros ou de marketing, precisam conside- rar estes três elementos ao mesmo tempo. A cultura sustentável está inserida no nosso dia a dia. Não é uma tarefa fácil, e nós até brincamos, internamente, dizendo que “a Natura não gosta de fazer nada fácil”; por isso essa filosofia já faz parte do que somos. O cenário, sem dúvida, é mais complicado, ainda mais concorrendo com quem banaliza essa filosofia. A tarefa deles pode ser mais fácil do que a nossa, mas não vamos mudar nossa maneira de fazer e de pensar. Revista da ESPM — O compliance trouxe benefícios em termos de produti- vidade para a empresa? Roberta — Aqui nós medimos os re- sultados pelos controles, que foram bem aperfeiçoados, e isso influencia todas as operações da companhia. shutterstock Nocontatocomopoder público, osprofissionaisdaNaturaprocuramestar em grupode trêsouquatropessoas, paraquenãohajaqualquer tipodemal-entendido
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