RESPM MAI_JUN 2016
maio/junhode 2016| RevistadaESPM 83 Roberta —ANatura é uma empresa de capital aberto e precisa, sim, ter uma governança, o que já vinha sendo feito háalgumtempo. Por issoocompliance era necessário para tornar completa toda essa estrutura. Você tem o com- pliance mais interno, relacionado aos funcionários, executivos e às consul- toras, que eramuitomais uma ação de esclarecimento. Otrabalho foimais no sentido de organizar toda a estrutura, rever políticas e fazer treinamentos. A Natura precisava de uma área de compliance, assim como qualquer empresa, ainda mais neste cenário de crise que passamos hoje. Criamos no- vosmecanismos de controle, mas sem mexer nas características da empresa, preservando anossa transparência. Revista da ESPM — De modo prático, como foi a introdução da área? Roberta — Nós fizemos o treinamen- to de todo o comitê executivo, todos os diretores. Foram mais de 200 pes- soas especificamente instruídas so- bre a Lei Anticorrupção, o que é algo muito novo no Brasil. A revisão do código de conduta passou a ser anual, fizemos também a revisão de todos os procedimentos. Implementamos a política anticorrupção para todo o esforço de vendas, criamos um novo canal de denúncia ligado diretamente ao compliance. Nós também investi- mos na capacitação de um advogado em cada regional da América Latina para a implementação do compliance no seu país e promovemos uma reor- ganização interna. Há um ano passei a ser também presidente do comitê de ética, que antes estava concentra- do na figura do CFO. Esse processo também passou pelas relações com o governo, pois, embora não efetuemos vendas para o governo, nós nos rela- cionamos com organismos públicos em várias frentes. Tudo isso foi con- solidado emumsó código de conduta. Revista da ESPM — O compliance tem uma estrutura própria ou faz parte inteiramente da área jurídica? Roberta —Eleestá totalmente fundido com o jurídico. Hoje nós temos 48 ad- vogados que estão treinados em com- pliance e duas gerentes que se dividem entre um trabalho específico nessa área e em direito societário. O que nós fazemos são fóruns de compliance a cada dois meses com a equipe ou sem- pre que sentimos anecessidade. Revista da ESPM —ANaturamantém uma complexa rede de stakeholders, que inclui pequenos fornecedores de maté- rias-primas, relações governamentais, bolsa eONGs. Qual é o desafio para criar procedimentos éticos e sustentáveis nesse emaranhado de atores? Roberta — Qualquer pessoa que fala em seu próprio nome pode praticar umatode corrupção. Nós temos vários parceiros que atuam em nosso nome na Amazônia e este é, disparado, o nossomaior desafio. Nós fizemos uma espéciede road show , falando comtodo esse público e levantando alternativas. Como vamos tratar desse assunto com as comunidades na Amazônia, com a força de vendas e o pessoal de com- pras? Então, primeiro ouvimos para depois desenhar o processo. Nossa preocupação era a de saber como esse tipo de informação seria recebido. Na Amazônia, não adianta falar da lei, pois as pessoas nem saberiam do que se trata. No treinamento que fazíamos shutterstock ANaturaexistehá47anosecresceubaseadaemsustentabilidade, respeitoao próximo, ética, todosaquelesconceitosqueaprendemoscomnossospais
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