RESPM MAI_JUN 2016

Revista da ESPM |maio/junhode 2016 74 Cenário “Compliance significa estar em conformidade em relação a uma determinada diretriz. Essa dire- triz pode ser uma lei ou uma orien- tação, uma regra ou norma, inter- na ou externa, legal ou adminis- trativa, que diga respeito aos seus negócios. Assim, qualquer que seja o foco, o compliance remeterá à existência de regras claras e, para estar em compliance, as pessoas devem ser treinadas e os contro- les implantados e monitorados. É importante chamar a atenção para os aspectos comportamentais de um sistema de compliance. Não vejo um programa como completo se ele está baseado apenas em controles instrumentais e regras a serem seguidas friamente. É preciso conscientizar e engajar as pessoas, uma vez que, ao final do dia, são essas mesmas pessoas que farão a escolha entre uma boa ou uma má prática, entre o caminho correto ou os perigosos atalhos. Ao abordar comporta- mento, aumentamos significati- vamente o escopo do compliance, pois isso implica transformarmos as pessoas a partir da criação de externalidades positivas que ultra- passam as fronteiras da empresa. Por exemplo, nos programas de compliance anticorrupção, po- demos facilmente vincular essa mudança de comportamento — pessoas orientadas para as boas práticas e ética — à formação de melhores cidadãos. Dessa forma, estamos gerando valor à sociedade e inserindo as empresas em um importante contexto social. Com isso, a empresa atrai e retém ta- lentos, colabora para um ambiente saudável de negócios e a sociedade recebe cidadãos mais éticos, com melhor orientação e uma estrutu- ra empresarial justa e, consequen- temente, sustentável.” Teoria “Nossa estrutura de governança voltada especificamente para com- pliance é formada por um comitê de conduta, cujo presidente é um membro externo e independente; uma diretoria de compliance, ris- cos e auditoria, responsável pela estruturação e atuação do programa de compliance; um código de ética princípio lógico — baseado em prin- cípios e não em regras — e diversas políticas corporativas; e um canal de orientações e denúncias operado por empresa independente. Nossos resultados podem ser vistos pela ausência de desvios relevantes em nossa conduta e nos negócios. Ain- da assim, não podemos acreditar que estamos imunes às crises ou fatos que possam escapar de nossos controles, quando também observa- mos a importância de nossa gover- nança, agindo rapidamente nessas situações, aplicando consequên- cias, quando necessário, e corrigin- do falhas nos sistemas de controles. Esse processo, principalmente nos aspectos culturais, é de longo prazo e evolutivo. A manutenção de nossa reputação e credibilidade é omelhor resultado que podemos esperar de umprograma como esse.” Prática “Quando uma empresa é reconhe- cida por suas boas práticas de go- vernança e esse reconhecimento é coerente com as práticas do dia a dia dessa empresa, ocorrem mui- tas vantagens. É mais fácil firmar Maisdoqueumdever, umolhar modernodegeraçãodevalor Denis Cuenca, diretor de compliance, riscos e auditoria da Ultrapar, ressalta os pontos fortes do programa de compliance de um dos maiores grupos empresariais brasileiros, que conta com 14 mil funcionários, distribuídos em cinco empresas: Ultragaz, Ipiranga, Oxiteno, Ultracargo e Extrafarma Ultrapar | Den i s Cuenca

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