RESPM MAI_JUN 2016
maio/junhode 2016| RevistadaESPM 59 e s p e c i a l c o m p l i a n c e n o b r a s i l A prática da teoria Como aprendizado do escândalo da Siemens, Giovanini carrega para a vida uma espécie demantra, que procura disseminar no mercado: “Não basta investir em com- pliance apenas para se proteger das leis. É preciso usar a atividade para agir corretamente, de forma íntegra, e com isso não ter problemas com a lei”. A Petrobras está entre as empresas que estão aprendendo essa lição. Ao protagonizar o segundo maior esquema de corrupção do mundo, a estatal brasileira investiu no GRC — depar- tamento de governança, risco e compliance —, hoje com- postopormaisde200profissionais, e contratou JoãoElek (ex-diretor financeirodaFibriaCelulose), para comandar uma mudança no processo de governança da empresa. Uma empresa externa foi contratada para administrar o canal de denúncias da Petrobras, que também tornou mais rigoroso oprocessode gestãode fornecedores, com a criação do sistema Due Diligence de Integridade. Para Giovanini, a iniciativa é válida,mas poderia sermais efi- caz. “Emvez de solicitar o preenchimento de umgrande questionário, como vem sendo feito desde o fim do ano passado, aPetrobraspoderiaexigirdessasempresasofun- cionamentoplenode umsistema de integridade”, sugere o consultor, lembrando a existência da norma brasileira DSC 10.000 (Diretrizes para o Sistema de Compliance). “Essa norma possibilita que auditorias independentes, como aKPMG, verifiquemse determinada empresa pos- sui um sistema de integridade eficaz e emite um certifi- cado assegurando que o mecanismo interno de integri- dade realmente funciona. Logo, bastaria que a Petrobras exigisse esse certificado de seus fornecedores.” De acordo com o especialista, o mesmo poderia ser adotado pelos demais órgãos públicos e privados. “Nossos governantes poderiam, por exemplo, criar um mecanismo legal para exigir que somente empresas com programa válido de integridade participassem de licitações e concorrências. Essa simples medida reduziria brutalmente as chances de uma empresa se envolver em esquemas de corrupção.” Mas quanto custa implantar um sistema de com- pliance efetivo? Giovanini estima que uma empresa com três mil funcionários vai gastar entre R$ 200 mil e R$ 400 mil só para fazer a análise de risco. Depois, combase nessas informações, ela irá determinar como o sistema de compliance será criado. No intuito de difundir a forma correta de trabalhar o compliance, Giovanini deixou a Siemens paramontar oMentoring, um programa de 40 módulos, com seis meses de dura- ção, que ensina o empresário a estruturar seu próprio mecanismo de integridade. “Estamos tendo a chance de passar o Brasil a limpo e não devemos perder essa oportunidade. Por isso, tenho trabalhado para mudar a realidade do ambiente corporativo no Brasil.” Afinal, estudos indicam que, a cada ano, a corrupção rouba do país cerca de R$ 200 bilhões, montante maior do que o governo investe nas áreas de saúde, educação, transportes e segurança. “Imagine como o Brasil pode- ria ser melhor se o dinheiro desviado pela corrupção fosse revertido para estas áreas? Logo, acabar com a corrupção deve ser interesse de todos!” Wagner Giovanini, da consultoria Compliance Total: ”Uma coisa é você investir emcompliance para se proteger das leis. Outra, bemdiferente, é apostar na atividade para agir corretamente e, com isso, não ter problemas coma lei” divulgação
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