RESPM MAI_JUN 2016

maio/junhode 2016| RevistadaESPM 53 relativa predição quanto à formação do agente. É pos- sível buscar estratégias, além da prevenção das conse- quências dos atos do fraudador, e avançar nessa peleja inglória de repudiar suas ações; é possível frustrar sua constituição coma adoçãodemedidas que busquempre- servar no indivíduo a condição de trabalhador íntegro, impedindo-o de transformar-se em fraudador. Um programa de compliance efetivo incluiria, por exemplo, apresentações e discussões com funcionários sobre a racionalidade (no sentido da análise individual de custo- benefício) e as vantagens emmanter a integri- dade não apenas em prol da organização, mas princi- palmente para seu próprio interesse, fomentando assim uma “integridade inteligente”. A ideia da integridade inteligente não equivale a sucumbir à ingenuidade, em tentar modificar a natureza humana, mas buscar alter- nativas para desenvolver um individualismo responsá- vel, colaborando para afastar o funcionário da possibi- lidade da “metamorfose perniciosa”. Da mesma forma que as organizações promovem eventos para reforçar a cultura, motivar e divulgar os códigos de ética e com- pliance, é factível agir para dissuadir potenciais frauda- dores não por ameaças de um suposto supersistema de controle, mas pela sensibilização do indivíduo quanto às consequências da fraude para sua vida profissional. Em síntese, podemos apontar os seguintes aspectos no tratamento da fraude nas organizações: • Há caminhos por meio da abordagem sociológica para compreender as causas de fraudes, assim como os elemen- tos de ummodelo antifraude. • É possível a identificação dos componentes repetitivos no comportamento de funcionários fraudadores. • Há indicadores para orientar estratégias preditivas que considerem as características de cada organização, os tipos de fraude e o perfil do funcionário. • Há o potencial para a organização influir nas contin- gências que podem balizar o comportamento do funcio- nário antes que ele possa se tornar um fraudador, se parte significativa das causas remeter ao contexto do fraudador e se houver modelos antifraude. Renato Almeida dos Santos Advogado, mestre e doutor em administração, sócio-diretor da S2 Consultoria, docente na Fecap, na FEI e no Senac, coordenador do MBA em gestão de riscos e compliance da Trevisan Escola de Negócios, autor do livro Compliance Mitigando Fraudes Corporativas latinstock Pesquisa da Fiesp aponta que, na saúde, a quantidade de leitos para internação poderia crescer 89%, ou327.012 leitos a mais, coma aplicação correta dos recursos oriundos das fraudes

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