RESPM MAI_JUN 2016

mercado Revista da ESPM |maio/junhode 2016 52 pressões não financeiras são: a necessidade de reportar resultados melhores que o desempenho real; frustração com o trabalho; um desafio para vencer o sistema ou mesmo o poder exercido pelo superior ou por um colega de trabalho. O uso do poder pode ser materializado por meio de metas coletivas ou objetivos pré-estipulados, mesmo que tacitamente, o que torna fundamental para que exista a concessão de poder pelo liderado. • Oportunidade: é a ideia que o potencial fraudador faz do quão vulnerável o objeto desejado está, bem como a visua- lização que tem dos meios para a execução dessa fraude. Há fatores para a existência da oportunidade nas orga- nizações: o sistema de controle social da empresa (cultura organizacional que estimula condutas ilegais e desvios) e a estrutura organizacional multidivisional (a própria estrutura da organização). A ocupação profissional ou o cargo ocupado na estrutura organizacional podem aumentar ou diminuir a oportunidade de fraude. Isso por- que, dependendo da posição ocupada, o profissional pode ter maior acesso aos bens e sistemas, bem como poderá operar a fraude com maior autonomia dentro da estrutu- ra da organização. Fatores ambientais são determinantes para a criação da oportunidade para a fraude. Um ambiente regulado, com controles internos, sistemas de detecção e programas de compliance efetivos, minimiza a oportunidade e, por conse- guinte, a ocorrência de fraude. • Capacidade : se refere à habilidade do indivíduo que, com má intenção, consegue operar o sistema de forma ardilosa, objetivando o cometimento da fraude. De nada adianta o pretenso fraudador possuir acesso ao sistema que pretende fraudar se ele não tem a competência para executar seu plano. Algumas características são necessárias para deter- minar se o indivíduo tem tal capacidade: posição de autoridade técnica na organização; capacidade para entender e operar as fragilidades dos sistemas, possibi- litando responsabilizar outras pessoas ou mesmo falha operacional; a crença de que não será possível detectar a fraude, por conta da sofisticação da operação; capaci- dade para concentração e apatia no ato da execução da fraude para não apresentar indícios de sua ocorrência. • Disposição ao risco: é a análise dos custos versus bene- fícios para decidir pelo cometimento ou não da fraude ocu- pacional. O colaborador antes de se tornar um fraudador irá mensurar se os benefícios que a fraude trará cobrem os custos, na hipótese de ser descoberto e punido. Mas existem três níveis de disposição ao risco: - Risco perigo: denota de experiências negativas, via de regra imprevisíveis e indesejadas, uma vez que se refe- rema fatalidades ou algo perigoso. - Risco probabilidade: emerge da quantificação de medi- das que objetivam gerenciar o risco. Nessa tradição dis- cursiva, a expressão “estar em risco” é muito utilizada na prevenção de acontecimentos. - Risco aventura : herda a positividade da aventura, uma vez que faz do “correr riscos” uma etapa neces- sária ao alcance do sucesso, propondo a satisfação pessoal e o fortalecimento do caráter autoafirmativo do seu autor. Ocomportamentohumano, naperspectivadosestudos organizacionaisedasociologia, nãopodeser considerado isoladamente,mas precisa da perspectiva interacionista paraanalisaromicro(indivíduo),omeso(cultura)eomacro (organização), visandomaior compreensão das causas e antecedentes das fraudes corporativas. “Demonizar” o fraudador, considerando-oumser anômalo emessência, é uma trilha estéril (pois, nesse caso, seria necessário transformar os indivíduos paramitigar as fraudes), mas a compreensão das circunstâncias que influemna deci- sãodo indivíduoevidenciapossibilidadesde intervenção. Se indivíduos cometem fraudes por influência das contingências, por mais variadas que elas sejam, há umprenúncio alentador. É possível não só prevenir, no sentido de aumentar a eficácia dos procedimentos para lidar com a fraude. Também existe a possibilidade de Ocustomédio anual da corrupçãono Brasil é de 1,38%doPIB, algo como R$ 41,5bilhões que saíramdos cofres públicos, semchegar aodestino

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