RESPM MAI_JUN 2016

maio/junhode 2016| RevistadaESPM 51 commodelos, é razoável que se cerque de cuidados para saber tratá-lo melhor, desde que o faça com o uso ade- quado, crítico e autocrítico. Isso porque toda a dinâmica é passível de decodificação quando suas regularidades são analisadas, mesmo sob limitações. Também, ao adotarmodelos, é possível fazer o esforço bem-intencio- nado e aberto à crítica de tentar fazer a “realidade falar”. Desenvolver um modelo preditivo de fraude não se limita a preveni-la. Assinalar componentes repetitivos, concomitantes em fraudes dentro de organizações pos- sibilita predizer as causas do comportamento fraudu- lento, buscando a compreensão da sua ontogênese no contexto organizacional, respondendo às questões: “Por que o desvio ocorre?”; “Como as organizações podem prevenir sua ocorrência?”. Omodelo“Pentágonodafraude”propõeque,parasubsistir uma fraude, sãonecessárioscinco fatores: racionalização, pressão, oportunidade, capacidade e disposição ao risco. • Racionalização: discernimento do indivíduo sobre o certo e o errado. É a percepção moral que emerge quando se depara com dilemas éticos que pautarão suas atitudes. O fraudador precisa racionalizar seus atos; ele necessita justificar para si e para os outros que determinada ação não é errada ou, caso seja, amenizar a situação, flexibilizando os seus padrões éticos. No âmbito empresarial, os hábitos e as escolhas dos indivíduos são direcionados por suas concepções morais pessoais, mas também sofrem transformações sob as cir- cunstâncias impostas pela organização e pelo meio que as determinam. A decisão correta muitas vezes é clara, mas a competição e as pressões institucionais levamaté mesmo os gestores bem-intencionados a se comportarem de maneira antiética, considerando também o fato de que os interesses econômicos característicos das negociações e os princípios éticos podem ser conflitantes. Como se vê, são concepções sobre o comportamento ético que implicam considerar a importância dos fatores situacionais nos processos deci- sórios dos indivíduos. Nessa perspectiva, a compreensão dessas pressões situacionais se faz necessária para mitigar riscos de fraude organizacional. • Pressão: à qual o indivíduo esteja submetido, conside- rando o contexto em que o potencial fraudador vive em determinado momento de sua carreira. As pressões ou motivos podem ser não apenas de ordem financeira, mas também por questões sociais e políticas. As pressões não financeiras podem decorrer de disciplina pes- soal ou de outros fatores situacionais. As pressões políticas e sociais ocorrem quando os indivíduos sentem que não de- vem aparentar seu fracasso devido a sua posição social ou a sua reputação. Alguns exemplos de situações envolvendo shutterstock Os recursos desviados por atos de corrupção, se aplicados emeducação, elevariamem47% a quantidade de alunos matriculados na rede pública do ensino básico, beneficiando 51milhões de jovens e crianças

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