RESPM MAI_JUN 2016
maio/junhode 2016| RevistadaESPM 43 marca é o maior patrimônio que as empresas possuem, e as grandes marcas são as que conseguiram permanência. Revista da ESPM — Uma provi- dência que muitas empresas estão tomando é a de criar fóruns para que funcionários denunciem práti- cas como, por exemplo, pagamento de propina . Na prática , porém, quando a corrupção está entranha- da na cultura da empresa, quem denuncia fica isolado e passa a ser hostilizado. O que se pode fazer a respeito disso? Abrahão — Talvez o grande de- safio seja dar à estrutura de com- pl iance autonomia e i ndepen- dência . No caso da Siemens, a estrutura de compliance no Brasil não responde ao CEO do Brasil. Responde a uma estrutura de com- pliance internaciona l, que está subordinada ao conselho. Isso é importante para não haver con- f lito de interesses. O fi ltro das questões levantadas não deve ser feito por alguém que tem interesse no negócio. Há, também, canais de denúncia que ficam fora da empre- sa, operados por terceiros. Revista da ESPM — A ideia é não expor a pessoa que está denunciando? Abrahão — Você tem de preservar essa pessoa. Do contrário, quebra- se a confiança . E, se quebrar a confiança, elimina-se o suporte do sistema de compliance. Revista da ESPM — É adequado falar em cidadania quando se trata de definir as áreas abrangidas pelo compliance? Entender que as em- presas contemporâneas têm compro- misso não apenas com o mercado e o poder público, mas também com a sociedade como um todo? Abrahão — As empresas têm uma licença social para atuar, e essa licença socia l está relacionada com a geração de valor para a so- ciedade. É uma pena reduzir essa geração de valor à criação de em- pregos e à obtenção de resultados para os acionistas. Cada vez mais, é preciso olhar essa geração de valor para a sociedade de uma for- ma mais ampla. Isso não significa reduzir a importância do lucro. Significa calibrar a importância do lucro. Revista da ESPM — Até hoje, o compliance esteve mais associado às grandes empresas de capital aberto. Essa tendência está chegando às com- panhias de médio e pequeno portes? Abrahão — Existe uma mobiliza- ção maior entre as grandes em- presas, pois elas são cobradas pe- los seus acionistas, mas o que se percebe é que haverá envolvimen- to das médias e pequenas empre- sas. Hoje, há o entendimento de que as empresas contratantes têm responsabilidade objetiva sobre qua lquer fornecedor que tenha algum problema. Se houver cor- rupção, a contratante será vincu- lada. Então, as grandes empresas estão se preocupando também em trabalhar a cadeia de valor. shutterstock Ograude corrupção entre as empresas, os hospitais e os profissionais da medicina chegou ao ponto de se amputarembraços e pernas para implantar próteses. Comohouve denúncias, essas empresas iamquebrar
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