RESPM MAI_JUN 2016

maio/junhode 2016| RevistadaESPM 37 Nãohaverásegundachance Por Alexandre Teixeira Foto: Divulgação O presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, Jorge Abrahão, esteve envolvido em várias das mais importantes cruzadas recentes para aproximar a iniciativa privada das grandes questões socioambientais brasileiras: da criação do Plano Brasil Sem Miséria à aprovação da Lei Anticorrupção. Nos últimos tempos, porém, ele só tem falado de um assunto: a ética nas empresas — ou da falta dela, explicitada nos es- cândalos revelados desde 2014 pela Operação Lava Jato. A responsabilidade social das empresas no processo eleitoral foi uma das bandeiras do instituto em 2014. Neste ano, Abrahão vê com grande expectativa a realização das primeiras eleições municipais contemporâneas no Brasil sem financiamento empresarial — parte de uma mudança institucional que ele acredita ser decisiva, acima de qualquer consi- deração moral, para a legalização das relações entre organizações privadas e par- tidos políticos no país e para um avanço mais efetivo das políticas de compliance dentro das organizações. Engenheiro e empresário, Abrahão hoje é conselheiro de diversas entidades, dentro e fora do Brasil. Entre elas, o Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bo- vespa, o Fórum Social Mundial e o Instituto Akatu pelo Consumo Consciente. Na primeira das duas sessões de conversa que resultaram nesta entrevista, ele acaba- ra de aprovar uma nota do Instituto Ethos contra a nomeação de Fátima Pelaes para a Secretaria da Mulher “até que se esclareça seu envolvimento nos atos ilícitos in- vestigados pelo Ministério Público Federal”. Menos de um mês depois de instalado o governo interino, Abrahão estima que o país corre riscos de retrocesso na agenda do combate à corrupção devido à nomeação de vários ministros envolvidos em atos ilícitos. “Não é uma boa mensagem para a sociedade”, diz. Para Abrahão, amensagem inicial que algumas das empresas envolvidas na Lava Jato estão passando ao admitir seus crimes e pedir desculpas publicamente é impor- tante, mas pode se tornar uma armadilha se não houver materialidade em seus discur- sos. A eventual reincidência não será perdoada. “Hoje, precisamos de compromissos com a transformação. Intenção é importante, mas temde se traduzir em ações.”

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