RESPM MAI_JUN 2016

maio/junhode 2016| RevistadaESPM 15 Revista da ESPM — Este foi o primei- ro ano emque a KPMG realizou sua pes- quisa anual sobre o nível de maturidade do compliance no Brasil. Como está o desenvolvimento da atividade no país? Sidney — Optamos por realizar a pesquisa no Brasil porque detecta- mos essa preocupação crescente do mercado nacional em relação ao tema, que vem sendo cada vez mais discutido no mundo corporativo. Vou fazer aqui um comparativo para demonstrar como o compliance fun- ciona: quando o cinto de segurança passou a ser obrigatório no Brasil [em setembro de 1997], as pessoas usavam o equipamento para não serem multadas. Hoje, utilizamos o cinto porque sabemos que é para a nossa segurança. Ninguém mais pensa na multa, e sim na preserva- ção da vida. Da mesma forma, acon- tece com o compliance. Estamos no estágio inicial. Logo, ele deve estar no formato punitivo, mas vai chegar um momento no qual o compliance será parte natural do negócio. No futuro, uma empresa afirmar que tem um bom compliance não vai ser mais exceção, e sim a regra! Revista da ESPM — Como se dará esse desenvolvimento? Sidney — A primeira etapa a em- presa faz porque sabe que pode ser punida. Com o tempo, ela passa a fa- zer porque já está acostumada com a atividade. Numa terceira fase, a companhia investe em compliance porque começa a ver os benefícios que o cumprimento de regras e re- gulamentos traz para o seu negócio. É possível notar uma série de vanta- gens competitivas, como a redução dos custos, o controle melhor do negócio e a eliminação de muitos riscos. A empresa que conseguir atingir a terceira etapa desse pro- cesso terá uma vantagem competiti- va sobre os seus concorrentes. Revista da ESPM — Pela experiência da KPMG, em média, quanto tempo demora para uma empresa passar da primeira para a terceira fase? Sidney — Esse tempo de implemen- tação varia de acordo com o quanto a ética e a conduta estão enraizadas na empresa. Revista da ESPM — Isso explica o fato de que na Natura, por exemplo, o compliance ter sido incorporado no dia a dia dos negócios, de maneira natural? Sidney — Sim. O segredo está na ética e na conduta, que precisam estar enraizadas na empresa. Quanto mais raízes elas têm, mais o compliance é efetivo. Em muitos projetos que desenvolvo, quando vamos discutir compliance, riscos, ética e conduta, sempre sigo um roteiro de avaliação, com uma sequência de perguntas infalíveis. Começo questionando se a empresa tem um código de éti- ca e conduta. E se todos seguem. O conselho de administração também recebeu esse código e assinou al- gum documento afirmando que leu? Geralmente, o “não” e a dúvida apa- recem aqui, nesta terceira questão. Bom, se o conselho de administração — que deveria dar o exemplo —nem leu o material, como você quer ter uma cultura enraizada? Com esta simples avaliação, já é possível sentir como será e quanto tempo irá demorar a im- shutterstock Ograndeerroéachar queoproblemanãoéseuesimdapessoaqueestáabaixode você. Aodar oexemplovocêconsegueexigir o funcionamentocorretodosistema

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx