RESPM MAI_JUN 2016

maio/junhode 2016| RevistadaESPM 107 Agora, as corporações são responsabilizadas por práticas ilícitas contra a administração pública e podempagar multas de até 20% de seu faturamento emcaso de condenação ematos ilícitos. Umconjuntode fatores faz comque esses atos venham cada vez mais à tona. Entre os mais rele- vantes estão as mídias digitais, que têm tido um papel importante na divulgação de denúncias e com poder de disseminação quase incontrolável, a depender do ritmo de adesão dos usuários das redes. A instituição da dela- ção premiada, muito utilizada no Brasil recentemente, é outro aspecto que vemcontribuindo para a investigação de atos ilícitos, na medida em que incentiva a denúncia por parte dos próprios envolvidos emcasos de corrupção. Os consultores e gestores de riscos orientam que, em funçãodorigordaLeiAnticorrupção,asempresas,quando envolvidas emprocessos investigativos, devem ter a pos- turadeacatar a investigação, reconhecer suas limitaçõese cooperarcominformaçõesqueajudemadarandamentoao processo. Acredita-sequequantomais transparente, cola- borativa, francaeaberta foracompanhiaemummomento decrise,mais credibilidade terádopontodevistado legis- lador e do investigador. E isso se refletirá tambémna sua imagemperante opúblico consumidor e a sociedade. Profissionalização O profissional de compliance responde, na maior parte das vezes, diretamente ao presidente da empresa e a seu diretor financeiro. Por serem essas as áreas de negócios que lidam no dia a dia com os riscos de conformidade, é fundamental engajá-las na visão e nos valores da organi- zação. Épreciso fazê-las entender que as boas práticas de governança corporativa têmde ser consistentes e alinha- das às práticas do negócio, para que, de fato, possam tra- zer resultados efetivos. Isso inclui um lastro de credibili- dade quemantenha a atratividade da empresa e o acesso a investimentos, mesmo emcenáriosmais conturbados. Os conselhos de administração também são vincu- lados às atividades de compliance, tendo, no entanto, como prerrogativa atuar de forma independente e com foco nos objetivos e na estratégia da organização para o longo prazo. Já a liderança executiva é responsável pela implementação dessa estratégia, e recomenda-se que não haja sobreposição ou conflito entre essas funções, que sãodenaturezas diferentes, porémcomplementares. Comunicação, liderançae transparênciasãoelementos fundamentaisparagarantirumamudançaprofundaeposi- tivanaculturadasempresasemdireçãoàsmelhorespráti- casdegovernança.Umgrandenúmeroderecomendações, códigos e princípios sobre governança corporativa surgiu recentementee tendeaseaperfeiçoar acadaano. Incorpo- rarasboaspráticaserecomendaçõesàculturaempresarial e à dinâmica de negócios, semdescuidar da gestão estra- tégica é, semdúvida, umdos principais desafios das orga- nizaçõesnaatualidadee tendease tornarparteelementar de qualquer negócio bem-sucedidono futuro. Ronaldo Fragoso Sócio-líder da área de consultoria em gestão de riscos da Deloitte shutterstock

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