RESPM MAI_JUN 2016

Posicionamento Revista da ESPM |maio/junhode 2016 106 O Brasil passa por um período de incertezas econômicas e políticas. Este cenário, no entanto, é favorável a mudanças na ética. Torna-se urgente a adoção de umnovo com- portamento da parte do governo, das empresas e de cada cidadão. Todos estão mais atentos e exigentes em suas relações no que diz respeito à transparência. Diversos setores da sociedade estão empenhados em estabelecer umanova realidadeparaoBrasil, começando pelas corporações, que já estãoaprimorando seus proces- sos internos e externos em termos de governança cor- porativa e por meio da implementação de instrumentos de compliance. Com isso, a expectativa é a de que todos os acontecimentos recentes nos direcionem a um país mais ético, tanto do ponto de vista das empresas quanto de políticos e governantes. Aevolução está sendo sentida no curto prazo. E a expectativa é a de que ela se estabi- lize ao longo das próximas décadas. No mundo corporativo, as empresas mudam a forma de gerenciar as suas atividades. Em um processo con- tínuo e cada vez mais veloz, os negócios ajustam-se à nova realidade do mercado em meio à implementação demelhores práticas, tentativas de aprimorar a cultura interna, ampliando a consciência sobre a importância de divulgar informações de forma clara e transparente. Percebeu-se que, quando há ruído na comunicação, é maior o risco de perda de participação no mercado e da confiança de consumidores e investidores, seja em âmbito nacional ou internacional. Damesma forma, háumesforçoparaaperfeiçoar relató- riose implantarmecanismosdecontrolesmaisabrangen- tes. O símbolo desse processo é a Lei Anticorrupção — ou Lei nº 12.846/2013 —, que tem apresentado às empresas a necessidadedeadoçãodecontrolesinternosedeprocessos de conformidade e reportesmais rígidos. Anova lei fecha uma lacuna no ordenamento jurídico do país, ao tratar diretamenteda condutados corruptores. Agora, as corpo- rações são responsabilizadas por práticas ilícitas contra a administração pública e podem pagar multas de até 20% deseu faturamentoemcasodecondenaçãopor corrupção. Todo esse cenário se tornou fértil para o aumento das exigênciasdogovernoquantoaocompliancenasempresas. Nos âmbitos institucional e corporativo, ocompliance éo conjunto de disciplinas para fazer cumprir, entre outras coisas, as políticas e as diretrizes estabelecidas para o negócio e para as atividades da instituição ou empresa, bem como evitar, detectar e tratar qualquer desvio ou inconformidade que possa ocorrer. Ao assegurar aomer- cado que está seguindo as regulamentações que lhe são impostas,acompanhiagerasegurançae,comisso,garante mais investimentos, tudo o que o país mais busca neste momento economicamente conturbado. Entreasaçõesadotadas, códigosdeconduta, comitêsde compliance e canais de denúncia vêmsendo criados para que eventuais casos de desvios sejam tratados de forma exemplar.Éimperativoqueexistamrobustosmecanismos de controle, paramelhor assegurar a proteção dos sócios, daprópriaempresaetambémdasociedadenaqualelaestá inserida. Essesmecanismosdevemenvolver comoúltima instânciaosconselhosdeadministraçãoefiscal,passando peladiretoriaexecutivaeatingindo todososníveishierár- quicos. Além disso, é necessária a criação de regras para funcionários, parceiros e prestadores de serviço. O compliance envolve um caráter preventivo impor- tante, eos investimentosnestaestruturadevemser vistos sobestaperspectiva. Uma estrutura robustade conformi- dade inibe, por exemplo, odesviode recursos. Apesquisa A Crisis of Confidence , realizada pela Forbes Insights em nome daDeloitte, ouviu 317 executivos de todo omundo, no fimde 2015, para identificar como eles têmreagido às ameaçase trabalhadonaprevençãode riscos, destacando, sobretudo, opapel docompliancedentrodas corporações. Aáreademaior vulnerabilidade, deacordocomospartici- pantes da pesquisa, é a reputação da empresa, destacada por 73% dos respondentes. Indo além: uma vez que um dano de imagem e repu- tação é causado, pode até provocar uma perda intangí- vel no valor da organização. Mais do que umdiscurso na buscapor umdiferencial competitivo, asnovas formas de acessoàs informaçõesestão impondoumritmoacelerado de gestão de riscos, envolvendo a reputação e a imagem das corporações. Uma vez instalada, uma crise temo tempo de recupe- ração de um a três anos, pela média mundial. Há casos, no entanto, que duram bemmais do que isso, sendo até irreversíveis. Quantomaior a exposição,maiores os refle- xos de uma eventual crise em relação aomercado. Além do próprio dano à reputação, casos de corrupção podem tambémcausar perdas financeiras significativas devido a possíveis ações legais que podemser movidas contra a empresa, assim como a interrupção temporária da ope- ração/produção durante o período de uma investigação. As corporações emtodoomundo têmenfrentadogran- desdesafiosnocombateaoenvolvimentodecolaboradores

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