RESPM MAI_JUN 2016

maio/junhode 2016| RevistadaESPM 103 O escândalo da Volkswagen, que burlou as regras de emissão de poluentes, mos- tra que as boas práticas devem começar no chão da fábrica. Quais são, no mun- do, as violações éticas mais comuns? Beatriz — O compliance vai muito além do setor financeiro e a tendên- cia é acharmos que corrupção é só dinheiro. Ela vai desde a troca de fa- vores até casos deste tipo. Há formas sofisticadas e simples de corrupção. Os treinamentos e as capacitações que fazemos servem justamente para dar luz a essas diversas formas de desvios. O caso da Volkswagen é bem recente, e temos olhado com muita atenção. Revista da ESPM — Voltando ao Pacto Global, a organização lista dez inicia- tivas de melhores práticas em prol de um modelo capitalista justo e inclusivo. Quais desses temas têm despertado mais atenção das empresas no Brasil? Beatriz — O tema dos direitos huma- nos e questões de gênero. Há também questões de clima, meio ambiente, energias renováveis, uso racional da água. Atualmente, temos trabalhado mais a parte de alimentos e agricultu- ra sustentável. Agora, está ganhando força o tema dos Objetivos de De- senvolvimento Sustentável (ODS) como forma de interligar todos esses assuntos. Porque a sustentabilidade, no conceitomais solidificado, temtrês vertentes: social, econômicoeambien- tal. Os ODS têm tratado desses temas demaneira transversal e integrada. Revista da ESPM —Oque as pequenas e médias empresas conseguiram avançar emmodelos de sustentabilidade? Beatriz — Temos dificuldade em avan- çar nas pequenas e médias empresas, não por uma questão de custo, mas pelo desconhecimento. Até porque pequenas intervenções podem trazer grandes resultados e gerar economia. Todas as iniciativas de eficiência ener- gética e recursos humanos têm um custo inicial que se paga num período curto. Nós temos feito um esforço, como a parceria que mantemos com o Sebrae, para ir atrás dessas empresas. Até porque metade da Rede Brasil é formada por pequenas e médias empresas. Então, nós temos tentado mostrar paraelasoqueépossível fazer para melhorar a eficiência e os princí- pios de sustentabilidade. Revista da ESPM — O Brasil sai forta- lecido de todas esssas investigações? Beatriz — A liderança das empresas que estão passando por toda essa investigação oferece a oportunidade de darmos um salto de qualidade. Es- tamos passandopor umperíodomuito difícil, mas acredito que vamos sair melhor do que entramos nesta crise. E esse é o objetivo do Pacto: ajudar as empresas a superar essas situações e trabalhar com outros, de forma pre- ventiva, para que issonão aconteça. Revista da ESPM — Que novas práti- cas e regulamentações devem entrar no radar dos legisladores e das empresas a partir desse aprendizado? Beatriz — O princípio 10 contra a corrupção é uma iniciativa. O pleno cumprimento do artigo 16 dos ODS também. Temos uma ação que é um call to action contra a corrupção e a agenda do desenvolvimento global. O Brasil é o país com o maior número de empresas signatárias: 36 organiza- ções já assumiram este compromisso público de transparência e combate à corrupção. Essas iniciativas vêm ao encontrodanecessidade dopaís. shutterstock É importanteenvolver oscolaboradoresnoprocesso, porque issoéumdesafio individual aser superado. Cada indivíduoé responsável pelocombateàcorrupção

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