RESPM MAI_JUN 2016
maio/junhode 2016| RevistadaESPM 101 Beatriz — As empresas devem olhar para todos esses problemas como uma oportunidade demelhora. Na verdade, não julgamos se a empresa está ou não envolvida em algum escândalo. O nosso papel é ajudar a empresa a sair dessa situação. A implementação de áreas de compliance independentes é importante quando falamos de gran- des empresas e conglomerados, por- que eles conseguem fazer uma dupla checagem dos procedimentos. Então, essas empresas têm de aprender com esses acontecimentos para garantir a sustentabilidade dos seus negócios, porque daqui a pouco elas não vão conseguir nem reter os seus talentos. Afinal, são questões sérias e que me- xem com a ética dos indivíduos. Pode haver uma tendência de as pessoas não quererem mais trabalhar em or- ganizações assim. Há empresas que assumiram seus erros, se retrataram, transformaram-se em benchmark e estão compartilhando sua experiência com outras. São motivo de orgulho para seus colaboradores. Revista da ESPM — Qual é o procedi- mento quando surgem denúncias sobre uma empresa signatária do Pacto? Beatriz — As medidas de integridade do Pacto são os procedimentos que adotamos internamente no relaciona- mento com as empresas envolvidas em denúncias e investigações. Nós realizamos um procedimento interno, que vai da abordagem e uma solicita- ção formal de resposta até a realização de reuniões com os executivos dessas empresas para posterior avaliação, que é realizada por dois comitês inter- nos — um de anticorrupção e outro de governança. A partir daí, nós promo- vemos uma série de medidas de apoio. Em casos extremos, recomendamos a exclusão dessa empresa e tornamos isso público, caso ela não demonstre esforços de melhoria ou atendimento aos nossos “dez princípios”, sobretudo noquesito corrupção. Revista da ESPM — Que empresas passampor essa investigação? Beatriz — As signatárias passam por outro processo de avaliação. O Pacto não é um selo. Nós não chancelamos as empresas. Pelo contrário: as em- presas, quando signatárias, assumem o compromisso público de seguirem os “dez princípios”. Elas ficam com- prometidas a reportar, anualmente, seus progressos e medidas. Avaliamos esses documentos e eles são tornados públicos. As empresas que passam por uma investigação são aquelas nas quais surgem situações de atenção e que, para tanto, nos colocamos à dis- posiçãopara ajudá-las. Revista da ESPM — E qual é a recepti- vidade da empresa ao ser abordada? Beatriz — Até o momento tem sido boa, tanto que não houve nenhum casode exclusãode empresa doPacto. Revista da ESPM —Desde a década de 1970, os Estados Unidos possuem uma legislação específica para prevenção de corrupção. Essa regulação foi reforçada após o escândalo da Enron, em 2001. O Brasil avançou neste sentido com a Lei Anticorrupção. Do ponto de vista legal, já estamos preparados para combater com firmeza a corrupção empresarial no país ou a senhora recomendaria novas práticas para darmais velocidade ao pro- cesso de tomada de consciência por parte das empresas e do poder público? Beatriz — Em praticamente todas as áreas, o Brasil costuma ter uma atu- shutterstock OPactoGlobal daONUnão julga se a empresa está ounão envolvida emalgum escândalo. Opapel da entidade é ajudar a empresa a sair dessa situação
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