RESPM-JAN_FEV 2016
JANEIRO/FEVEREIRODE 2016| REVISTADAESPM 27 shutterstock A esta altura dos acontecimentos, ninguémmais duvida de que a situação do Brasil é séria. Estamos atravessando, agora se sabe, uma “policrise”, que atinge a política, a governabilidade, as instituições, a ética, a moralidade pública, a economia... e tudo vai se contaminando. Nunca se viu algo semelhante. É a crise mais grave que o nosso país já enfrentou. A perplexidade se instala, e saber como agir nesta hora tornou-se uma questão crucial. O que fazer? Onde buscar a sabedoria que nos ajude a entender e a lidar com esse tema tão complexo? “ Não adianta xingar a tempestade, temos de atravessá-la ”, reza um antigo provérbio naval, que sem dúvida é um conse- lho útil vindo daqueles que têmde lidar regularmente coma adversidade. É preciso atravessar! Eles dizem. Dito desta maneira, o início deste artigo parece descrever apenas um cenário sombrio, uma fatalidade contra a qual nada se pode fazer, mas na verdade é apenas a constatação de fatos que estão enunciados como dados da realidade que desejo contrapor como que tenho visto acontecer na “cozi- nha” de algumas empresas que acabei conhecendo por dentro e que vêm progredindo na crise. Existem diversos casos de empresas que estão atravessando commuito brio o oceano revolto que ameaça amaioria das suas congêneres brasileiras. Vejo naquelas que estão crescendo alguns pontos em comum. Em pri- meiro lugar, está o fato de seus gestores terem feito a lição de casa. Esses executivos acreditaram que a situação era grave e tomaram providências para proteger suas organizações antes de o movimento cair. Cuidaram de arrumar a casa, adotar práticas rigorosas de controle emelhorar a eficiência comercial, pois sem isso nenhuma empresa alcança o sucesso, qualquer que seja a situação. Fizeram, portanto, a base que rege a boa administração. Mas as que observei foram além e mantiveram seus planos, trabalharam neles comafinco, não se deixaram levar pela onda de pessimismo e continuaram seguindo o rumo que traçaram. As empresas que, no passado, adotaram essa forma de agir, hoje estão crescendo sobre aquelas que foram pegas desarrumadas ou que estavam emuma situação delicada. Isso porque aqueles dirigentes que não levaram a sério ou não enxergaram direito a gravidade da situação tiveram obriga- toriamente de adotar medidas emergenciais sem o devido planejamento e agora estão ficando para trás, pois o principal efeito da crise é que ela separa, de maneira dramática, as competências empresariais. Uma imagemque tenho utilizado para ilustrar esta situação é o que ocorre na regata de vela olímpica emque os barcos são rigorosamente iguais, a água e o vento são os mesmos para todos os competidores, mas quando é dada a largada, vemos que alguns se destacam, assumema dianteira e vão abrindo distância dos demais concorrentes. Oque faz essa diferença é a competência na “ arte de velejar ”, ou seja, a habi- lidade das tripulações em conduzir o seu barco, o conhecimento profundo
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