RESPM-JAN_FEV 2016

REVISTA DA ESPM | JANEIRO/FEVEREIRODE 2016 22 PLANEJAMENTO E ntre 2002 e 2008, a classe média brasileira subiu um degrau em suas aspirações e pas- sou a ter como objetivos uma educação supe- rior para seus filhos e a garantia de umplano de saúde para fugir do Sistema Único de Saúde (SUS). Durante esse período, as matrículas em faculdade pra- ticamente dobraram, e cerca de dez milhões de novas famílias passaram a pagar planos de saúde particula- res. Agora que a crise apertou, o sonho acabou. Estudos apontam que, no primeiro semestre de 2015, as matrí- culas nos grandes sistemas de ensino superior caíram 35% e os planos de saúde já perderam quase a metade dos segurados que tinhamconseguido a partir de 2002. O que antes era exceção acabou virando regra em pra- ticamente todos os setores da indústria, do comércio e dos serviços. Sobrou até para o segmento de higiene pes- soal, que pela primeira vez, emmais de duas décadas, fechou o ano em queda. Nem a questão da autoestima ajudou a segurar a queda nas vendas de cosméticos, o que demonstra que as famílias perderam a capacidade de poupar e tememagora o desemprego, cuja taxa deve atingir 10% em 2016. “A situação é grave. Temos visto o consumo das famílias diminuir a cada mês. Mas o que me surpreendeu foi a queda de 5%na categoria de produ- tos pessoais, segundo dados daAssociaçãoBrasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). Isso aponta para uma forte recessão no país”, avaliaVinícius Prianti, sócio da JVPConsultoria Empre- sarial e ex-presidente da Unilever. “Esta é uma crise de expectativa, na qual a falta de confiança do consumidor e do empresário produz umcenário de incerteza. Afinal, quemvai investir no país emuma situação na qual você nãosabequemvai estar nocomandodoBrasil amanhã?”, acrescenta Prianti, que hoje integra o conselho de admi- nistraçãode grandes empresas, comoAlpargatas, Grupo Boticário, Química Amparo e Brasil Kirin. Com a falta de vendas e os mercados em queda, só existe uma alternativa para o empresário sobreviver às turbulências do cenário atual: reduzir custos fixos e variáveis. “A falta de uma gestão eficiente, capaz de eliminar o desperdício, sem interferir na qualidade, inviabiliza a existência de qualquer negócio, principal- mente emummomento de crise como o atual”, observa Prianti. “O nome do jogo sempre foi produtividade. E a competitividade é aprincipal razãopara você apostar em umprograma contínuo de controle interno de custos.” E esse tipo de política deve envolver desde a renego- ciação dos contratos com os fornecedores até a redução dos estoques ou ainda a otimização do sistema logístico da empresa. “A pergunta deve ser sempre a mesma para Na gestão da eficiência, a pergunta deve ser sempre amesma para todas as áreas da empresa: como podemos sermais eficientes?

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