RESPM-MAI_JUN-2015-alta

maio/junhode 2015| RevistadaESPM 99 dedilhar em likes, shares e comments . Alémde umcompe- titivo consumo de gadgets de última geração — smartpho- nes, PDAs, tablets, notebooks —, esses jovens inseremem suas agendas o consumo de informação, cada vez mais excessivo e claustrofóbico, e o consumo de disputados capitais simbólicos das redes sociais. Esses podem ser nomeados como visibilidade, reputação e legitimidade nos grupos. Nunca um like ou share de umpost é ummero passatempo ou algo jogado ao sabor do acaso. É, sim, um disputadocapital simbólicoaser consumidocomomoeda social correntenas redes sociaisatuais. Adisputapor esse tipo de capital é tensa e pode gerar grandes expectativas nos instantes subsequentes a umpost. Estão em jogo lon- gos períodos de investimentos em capitais sociais nes- sas redes por parte dos jovens. Horas e horas de trabalho postando, comentando, compartilhando, estãoemjogoa cada interaçãoqueumjovemsearriscaa realizar emsites de relacionamento, comoéocasodoFacebook. Tudopode cair por terra diante de umengano ou de um comentário fora dos padrões esperados pelos outros. As redes sociais são, hoje, dotadas de exigentes matrizes moralizadoras, que, a qualquer tempo, podem ser utilizadas para impor padrões de comportamentoon-lineditandooque sedeve e o que não se deve dizer. Basta um comentário politica- mente incorreto para que práticas como o cyberbulling , por exemplo, entrememprática. Espaços antes tidos ape- nas comode liberdadede expressão, as redes sociais hoje vivem também sob um regime de intensa vigilância por parte de seus usuários, sobre os seus pares. Dessa forma, no papel também de produtor, os jovens das redes sociais sãoconvocados a assumir a responsabi- lidade de constantemente produzir conteúdos que serão consumidos por seus pares, o que aumenta ainda mais seus afazeres diários. Àmaneirade umaprofissão, ousu- ário das redes sociais temo papel diáriodemanter vivo o conteúdo que por lá circula. Ao mesmo tempo, em busca de visibilidade que os distinga entre seus pares, também almejamseadequar aospadrõesde jovem-sujeitocontem- porâneo, conformando-seaperfisestabelecidospelomer- cadoconsumidor, comoéocasodas geraçõesdas letras— x, y, z e c. Entretanto, tal missão não se torna fácil diante da impossibilidadedecomprar a felicidadenasprateleiras dosupermercado.Emumcontextoquecobradesempenho a todo instante, não sobra espaço nem tempo para explo- rações das possibilidades aleatórias do universo digital e fora dele. O uso da tecnologia fica, então, restrito às pou- cas redes sociais da moda — Facebook, Twitter e Tumblr, enquanto as práticas de prosumption limitam-se às time- lines dessas redes que se autorreferenciam, sendo pouca coisa realmente reservada à ordemdo criativo. João Matta Engenheiro eletrônico, psicanalista, mestre em comunicação e práticas de consumo pela ESPM, com MBA em gestão de negócios pelo ITA / ESPM e doutorado em comunicação e semiótica pela PUC-SP. Professor do curso de graduação em publicidade e propaganda e MBA em ciências do consumo aplicadas da ESPM Aspráticasdeconsumoatuaissemoldamcomo repetidas realizaçõesdedesejos, quesemostram insuficientesparaentregar aesperada felicidade, tambémprometidapelosconsumidoresasimesmos Nuncaum like ou share de umpost é algo jogado ao sabor do acaso. É, sim, umdisputado capital simbólico a ser consumido comomoeda social corrente latinstock

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