RESPM-MAI_JUN-2015-alta

maio/junhode 2015| RevistadaESPM 97 do que consome e, desde então, nem pensa em adiar tal satisfação, já que o crédito e o parcelamento de dívidas prometemdar totalmentecontadenãodeixá-lo frustrado. O consumo da insatisfação Remetendo-se ao trabalho de Hannah Arendt, Jurandir FreireCostaescreveu Ovestígioeaaura: corpoeconsumismo na moral do espetáculo (Editora Garamond, 2004). Nesta obra, ele discute as dimensões do supérfluo, afirmando que“atéaRevoluçãoIndustrial,osobjetoseramcomprados por seremúteis enecessários; depois porquehaviamsido produzidos e tinhamde ser vendidos”. Entretanto, atual- mente,“nãobastahaverproduçãoemlargaescalaparaque hajaconsumo. Os indivíduos consomemporqueaprende- ramassociarconsumoàfelicidade”,asseguraCosta.Parao autor,nesteiníciodeséculo21,nãoconsumimosapenaspor razões funcionais,mas tambémembuscadeumasuposta felicidade, que estaria, naturalmente, embutida nasmar- cas, nos produtos e serviços que compramos. A atual etapa do capitalismo se molda à ideia da insa- tisfação, o ethos emocional dessa configuração atual de consumo é o da insatisfação. Essa é intrínseca à socie- dade de consumo namedida emque os produtos e servi- çosnãoseprestamaeliminá-la, sendoprogramadospara entrar nomercado com tempo de vida breve. A lógica se fazpelaconstantecompradenovosmodelosdeprodutos, latinstock

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx